
O 4° Imam Ali Ibn Al-Hussein Zeinul Abidin - "Formosura
dos Devotos"
Ele é o Imam Ali Ibn Al-Hussein Ibn Ali Ibn Abi Táleb,
alcunhado por “Zein Al-Ábidin” (Formosura dos devotos)
e de “Assajad” (O Genuflecto, Senhor dos Genuflectores).
O Imam Ali Ibn Al-Hussein (a.s.) nasceu na cidade de Medina, no mês
de Chaaban do ano 38 da Hijra (661 d.C), durante o califado de seu avô
paterno, o Imam Ali Ibn Abi Táleb (a.s.). Seu pai foi o Imam
Al-Hussein, filho do Imam Ali Ibn Abi Táleb (A paz esteja com
ambos). Sua mãe foi Xáh Zanáh, filha de Reza Harad,
último rei persa, a qual foi enviada ao Imam Ali Ibn Abi Táleb
(a.s.), juntamente com sua irmã, pelo então Governador
de Khorassan, que fica ao norte do Irã.
O Imam Ali (a.s.) uniu em matrimônio seu filho Al-Hussein com
a princesa Xáh Zanáh e sua irmã com seu discípulo,
Mohammad Ibn Abu Bakr Ibn Qoháfa. Xáh Zanáh gerou
o Imam Ali Ibn Al-Hussein, morrendo no parto, e sua irmã gerou
a Al-Qássem Ibn Mohammad Ibn Abu Bakr.
Seu Avô Paterno foi o Imam Ali Ibn Abi Táleb (a.s.), o
recomendado pelo Mensageiro de Deus (Deus o abençoou e a sua
Linhagem e os saudou). Sua avó paterna foi Fátima “Azzahrá”,
filha do Mensageiro de Deus (s.a.a.a.s.).
Seu desenvolvimento
O Imam Ali Ibn Al-Hussein (a.s.) cresceu e se desenvolveu nas casas
dos líderes religiosos, sempre encaminhados nas trilhas de Deus
e da retidão. Viveu por dois anos com seu avô, o Imam Ali
Ibn Abi Táleb (a.s.) e com seu tio paterno, Al-Hassan Ibn Ali
(a.s.), até os doze anos e, posteriormente, com seu pai, o Imam
Al-Hussein Ibn Ali (a.s.), até os vinte e dois anos aproximadamente,
dos quais teve o melhor aproveitamento sobre os conhecimentos do Islam.
Seus Filhos
Teve quinze filhos de diversas esposas, sendo onze do sexo masculino
e quatro do sexo feminino.
Seu Ministério
O Imam Ali Ibn Al-Hussein (a.s.) tomou posse de seu ministério
como Imam após o assassinato de seu pai, o Imam Al-Hussein Ibn
Ali (a.s.), no dia 10 de Muharram do ano 61 da Hijra (684 d.C). Tinha
ele então 23 anos de idade e se encontrava impossibilitado de
acompanhar seu pai, devido a uma doença que o fez escapar por
milagre do infame massacre na batalha de Karbalá, prosseguindo
com sua família à região do Chám (que correspondente
à Síria, Líbano e Palestina), retornando depois
com as cabeças decapitadas em Karbalá, no Iraque. Seguiu
para Medina, onde completou seu ministério como Imam por trinta
e quatro anos.
O papel do Imam “Assajjad” na Revolução
do Al-Hussein
O Imam Assajad, acompanhou seu pai, o Imam Al-Hussein (a.s.) desde a
sua saída da cidade de Medina, a Iluminada, juntamente com os
seus irmãos, tios e os companheiros de seu genitor até
chegarem à Karbalá, no Iraque, onde ocorreu a hedionda
batalha. Por determinação de Deus Todo Poderoso, ele foi
milagrosamente poupado do massacre, a fim de que se cumprisse a determinação
do Mensageiro de Deus (s.a.a.a.s) na sucessão do Imamato, para
que a nação islâmica não ficasse sem o seu
Imam, a fim de guiá-la em seu governo e doutrina. Sua salvação
deu-se pela razão de ter adoecido e ficado entre as mulheres
e as crianças da casa de seu pai, para depois da cruel derrota,
acompanhar a família e o resto dos prisioneiros de Karbalá
até Al-Kufa e dali para Damasco e, finalmente, para a cidade
de Medina, passando antes pelo cemitério dos mártires
de Karbalá, após quarenta dias, para que fossem enterradas
as cabeças purificadas, juntamente com os devidos corpos.
O papel do Imam “Assajjad” (a.s.) foi de extrema importância
para a realização dos ideais da Revolução
do Imam Al-Hussein (a.s.), a fim de alertar as pessoas contra o cruel
domínio dos Omíadas e seus feitos contra os direitos do
Mensageiro de Deus (Deus o abençoou e a sua Linhagem e os saudou).
Na cidade de Al-Kufa, o povo se exaltava e chorava pela decepção
e tristeza ao ouvir as histórias do massacre de Karbalá
da parte de suas tias Zeinab, a mais velha, e Umm Kulthum, a mais nova
(a.s.), ambas irmãs de seu pai, o Imam Al-Hussein (a.s.). Diante
da revolta da população, o Imam Ali Ibn Al-Hussein (a.s.)
pediu-lhes o silêncio e a palavra pelo que todos o atenderam,
respeitosos. Assim, depois de glorificar e engrandecer Deus, curvou-se
e orou pelo Mensageiro de Deus (s.a.a.a.s). Em seguida começou
o seu discurso:
“ Óh, humanos! Eu sou Ali Ibn Al-Hussein Ibn Ali Ibn Abi
Táleb. Eu sou o filho daquele de quem se lhe tomaram os bens
e se lhe aprisionaram os filhos e mulheres. Eu sou filho daquele que
foi cruelmente assassinado nas margens do rio Eufrates pelos insaciáveis
de seu sangue, pisando em seu direito, mas nada foi em vão. Óh,
humanos! Por que, por Deus, escrevestes ao meu pai, convidando-o para
vir até Al-Kufa e quando ele veio, vós o matastes? Óh,
humanos! O que fareis quando o Mensageiro de Deus vos questionar no
Dia do Juízo Final?‘Vós matastes os de minha Casa
e não avaliastes o que vos era interditado. Portanto, não
sois da minha nação!’”
Diante da eloqüência do Imam Ali Ibn Al-Hussein (a.s.), a
população se inquietou mais ainda, passando a se repreender
uns aos outros e a censurar-se, decepcionados pelo que fizeram.
Em outra feita, o Imam Ali Ibn Al-Hussein (a.s.) teve atitudes de coragem
e audácia diante do governador Obaid'Allah Ibn Ziád, na
cidade de Al-Kufa, em sua sala de audiência do Palácio
do Governo, ao desmascará-lo diante dos presentes e, principalmente,
ao lembrar a todos a posição do Mensageiro de Deus (s.a.a.a.s)
e da importância de sua Linhagem Purificada por Deus:
Conta-se que, em Damasco, quando o exército dos Omíadas
chegou com os prisioneiros descendentes de Mohammad (s.a.a.a.s), levou-os
para uma Mesquita localizada no mercado da cidade. O xeique que os recebeu
aproximou-se do grupo de cativos e, dirigindo-se ao jovem Imam “Assajjad”,
disse:
”Graças a Deus que vos dizimou e apagou o vosso encanto,
livrando a terra de vossa presença e...”. Ele continuou
com suas ofensas e palavras ferinas, como chuva torrencial sobre o jovem
Imam. Quando o xeique terminou, o Imam Ali Ibn Al-Hussein interpelou-o:
“Óh, xeique, acaso já lestes o Alcorão?”
”Sim”, assentiu o xeique.
”Já leste as palavras do Altíssimo: ‘Dize-lhes:
Não vos exijo recompensa alguma senão a afeição
aos meus parentes’?” (Alcorão 42:23)
”Sim, eu já li este versículo”, respondeu
o xeique.
”Pois somos nós os tais parentes”, afirmou-lhe o
jovem Imam. “Acaso já leste: ‘E concedas aos meus
parentes os seus direitos’?” (Alcorão 17:26)
”Sim, já li”, tornou a responder o xeique.
”Pois somos nós os tais parentes que Deus ordena ao Seu
Profeta a concessão de seus direitos”.
”Sois vós, mesmo?”
”Certamente que o somos!”, confirmou o Imam “Assajjad”(a.s.).
“Já leste o versículo (Al-Khamos*): ‘E sabei
que de tudo quanto adquires de despojos, a quinta parte pertencerá
a Deus, ao Mensageiro e aos seus parentes’?” (Alcorão
8:41)
”Sim, já li”, assentiu novamente o xeique.
”Pois fazemos parte deste parentesco! Mas, já leste o versículo
de Attahir, isto é, ‘A Purificação’,
que diz: “Pois Deus só deseja afastar de vós a abominação,
Óh, descendentes da Linhagem da Casa Profética, e vos
purificar integralmente”? (Alcorão 33:33).
Ao ouvir os versículos recitados pelo jovem Imam, o velho xeique
levantou os braços para os céus e exclamou:
”Óh, Senhor! Peço o Vosso perdão!”,
repetindo a indulgência por três vezes. “Óh,
meu Senhor! Peço o Vosso perdão pela inimizade para com
a Linhagem do Profeta e me livres de seus assassinos!”
Ao tomar conhecimento do arrependimento do xeique daquela Mesquita,
Yazid ordenou imediatamente a sua execução.
Quando o Imam “Assajjad” (a.s.) foi levado à sala
de audiência do Palácio, Yazid mandou um dos seus oradores
subir ao púlpito e insultar a memória do Imam Ali Ibn
Abi Táleb, o Príncipe dos Crentes (a.s.), e de seu filho,
o Imam Al-Hussein (a.s.), qualificando-os com as piores características;
o orador discursava de maneira ferina, inclinando-se vez ou outra diante
de Yazid, enaltecendo-o, e ao seu não menos desprezível
pai, Moáuiya Ibn Abu Sufián.
Não suportando mais tão injusta humilhação,
o Imam “Assajjad” (a paz esteja com ele) vociferou para
o orador:
”Ai de ti, homem! Trocaste a anuência do servo pela ira
do Criador? Saibas que já se reservou a tua morada no fogo do
inferno!”
Depois, virando-se para Yazid, disse-lhe: “Deixe-me subir ao púlpito
para proferir o que agrada a Deus e d’Ele ter a recompensa!”
Yazid negou-lhe o pedido, porém, diante da insistência
dos presentes, ele consentiu e o Imam Genuflecto (a.s.) subiu ao púlpito
e glorificou a Deus e O enalteceu e depois começou o discurso:
“Ó humanos! Deus nos deu a sapiência e os sonhos;
a paciência e a generosidade; a eloqüência e a coragem
e, por fim, o amor nos corações dos crentes e nos privilegiou
pois Seu Profeta e Mensageiro era de nossa gente; e o verídico
para esta nação foi o Imam Ali Ibn Abi Táleb, o
Príncipe dos Crentes, como são de nós Jaafar, o
Propagador, Hamza, o Senhor dos Mártires, Al-Hassan e Al-Hussein,
netos do Mensageiro de Deus. Óh, humanos! Quem me conhece já
me conheceu e quem não me conhece, fá-lo-ei conhecer-me
e conhecer os meus ancestrais. Óh, humanos! Eu sou filho de Meca
e Mina; sou o filho do poço de Zamzam, do monte Assafá;
sou filho daquele que segurou a Pedra dos alicerces; sou filho daquele
que viajou sozinho da Mesquita de Al-Haram até a Mesquita de
Al-Aqsa; sou filho daquele a quem Deus revelou o que foi revelado. Eu
sou o filho de Al-Hussein!, assassinado em Karbalá; eu sou filho
de Mohammad, o Escolhido; eu sou o filho de Fátima “Azzahrá”;
eu sou o filho de Khadija, a Grande; eu sou o filho daquele que foi
ensangüentado em seu próprio sangue; eu sou o filho daquele
que foi abatido em Karbalá; eu sou o filho daquele por quem o
Gênio chorou na escuridão e as aves o lamentaram no espaço.”
Diante do discurso cheio de lágrimas e de dor , os presentes
não mais se contiveram de emoção, passando a se
inquietar e a chorar. Entretanto, temendo o encanto do momento, Yazid
Ibn Moáuiya ordenou ao muezim para interromper o Imam “Assajjad”
e este, em obediência ao seu senhor, clamou:
“Allahu Akbar! ...... Allahu Akbar!”
Imediatamente, o Imam cortou-lhe a exclamação, repetindo:
“Allahu Akbar! Ele é o Excelso, é o Supremo, o Majestoso
e o Acima de todo temor e ameaça!”
O muezim confirmou então:
“Eu sou testemunha de que não há divindade além
de Deus!”
Respeitosamente, o Imam “Assajjad” falou:
“Sim! Eu confirmo com todo o testemunho que não há
divindade além de Deus!”
O muezim assentiu:
“E dou testemunho de que Mohammad é o Mensageiro de Deus!”.
O Imam afirmou ao muezim: “É mister lembrardes de Mohammad”,
e virando-se para Yazid, este continuou: “Este tão caro
e generoso Profeta era seu avô ou o meu? Se disseres que é
vosso avô, todos saberão que és mentiroso, porém,
se confirmares que é meu avô, então por que mataste
meu pai por pura crueldade e inimizade e te apossaste de seus pertences
e de seus bens, aprisionando as mulheres de sua casa? Ai de ti no Dia
do Juízo Final, quando meu avô te questionar”.
Constrangido, Yazid ordenou ao muezim celebrar a oração.
Nisso, os presentes começaram a murmurar entre si. Alguns participaram
das orações e outros se retiraram.
Percebe-se claramente que as atitudes e discursos eloqüentes do
Imam Genuflector (a.s.), dos quais mencionamos apenas uma ínfima
parte, fizeram notar que havia nele um talento especial para o intelecto,
pelo que segue:
1. Esclarecimento sobre a posição da Linhagem do Mensageiro
de Deus (s.a.a.a.s.), a qual representa a continuidade verdadeira da
descendência do Profeta Mohammad (s.a.a.a.s.) e da conservação
da Mensagem Islâmica e seus conhecimentos, tendo sido mencionada
no Alcorão Sagrado e a qual o Mensageiro de Deus (s.a.a.a.s.)
enaltecia em seus colóquios.
2. Manifestação sobre a hediondez do crime contra a Linhagem
do Profeta, pelos agressores e usurpadores dos direitos dos Imam Al-Hassan
e Al-Hussein, netos do Mensageiro de Deus (s.a.a.a.s.), seus irmãos
e companheiros, bem com sobre o cativeiro de seus filhos e mulheres.
3. Denúncia da conspiração que os Omíadas
maquinaram contra os verdadeiros conhecimentos do Islã e em favor
da alteração de seus dogmas, confundindo as pessoas e
instigando-as a agir com injúria e blasfêmia.
4. O Imam Assajjad (a.s.) tencionou, com suas atitudes, despertar a
consciência da nação islâmica, a qual os Omíadas
tentaram obscurecer e submeter pela força, terror, ganância
e ilegitimidade, fazendo-a levantar-se com coragem e destemor diante
da opressão e dos opressores, por mais que estivesse dispersa
e oprimida.
5. Cumprimento de seu papel e encargo legal, obrigatoriedade divina
no compromisso como Imam legítimo após seu genitor, o
Imam Al-Hussein (a.s.), para a vitória da justiça e confrontação
das deturpações e do ilícito, guiando a nação
para os caminhos da verdadeira linha do Islã, preparando-a moral
e espiritualmente contra a dissidência, seja na sociedade, seja
no governo.
Um pouco da vida do Imam “Al-Sajjad”
Quando o Imam (a.s.) retornou à cidade de Medina depois de todo
o ocorrido em Karbalá, passou à prática de suas
atividades de estudo e reflexão, a fim de alertar a nação
contra questões contrárias a ela, além de empenhar-se
na vigilância sobre o governo dos Omíadas. A seguir, alguns
exemplos do muito que o Imam Ali Ibn Al-Hussein (a.s.) realizou:
1. Dava assistência a centenas de crianças necessitadas,
levando-lhes pessoalmente o alimento e lhes preparava a comida com suas
próprias mãos, inclusive a dos indigentes, mendigos e
órfãos. Os necessitados podiam sempre contar com ele,
recebendo dele o agasalho quando se tornava necessário.
2. Comprava os escravos e os libertava nas noites do I’d Al-Fitr,
isto é, na noite da comemoração do fim do Jejum
do Ramadã. Conta-se que o Imam “Assajjad” (a.s.)
libertou cerca de cem mil escravos, dando um exemplo da importância
da liberdade para o ser humano. Por isso, foi também alcunhado
de “O Libertador de Escravos”.
3. O Imam (a.s.) comemorava com freqüência a memória
do Imam Al-Hussein (a.s.), para que a sua lembrança e sua história
permanecessem vivas na consciência da nação. Importava-se,
igualmente, com a preservação da mensagem alusiva à
abominação daquilo que é ilícito e imoral.
O Imam Ali Ibn Al-Hussein (a.s.) vivia triste e muito chorava seu inesquecível
pai, o Imam Al-Hussein, e os mártires da sua Casa (a paz esteja
com eles). Não havia uma refeição em que o Imam
“Assajjad” (a.s.) não lembrasse da sede de seu pai
e de seus companheiros, às margens do rio Eufrates, boicotados
pelos adversários, para que não pudessem saciar sua sede.
4. O Imam Ali “Assajjad” (a.s.) publicou muitas obras sobre
o conhecimento islâmico e colóquios sobre a Linhagem da
Casa Profética (a.s.); inclusive, preparou uma geração
inteira de eruditos e oradores, os quais nos legaram o Islã eterno,
expandindo-o em todos os países islâmicos, sendo alguns
deles Abu Hamza Assamali, Said Ben Moussaib e Said Ibn Al-Jubair.
5. O Imam Ali Ibn Al-Hussein (a.s.) era muito devoto a Deus. Seu servilismo
ao Supremo era por demais humilde, chegando ele à extrema submissão
e veneração a Deus, Protetor e Majestoso, num êxtase
sem par. Nem acabava a sua oração e, ao se lembrar de
alguma graça, ajoelhava-se e agradecia a Deus. Quando era chamado
para a conciliação de duas pessoas, o Imam ajoelhava-se
em graça a Deus. Por isso, foi apelidado de “Assajjad”
e de “Zein Al-Abidín”, ou seja, “A Formosura
dos Devotos”.
A página da Genuflexão
A biografia nos reservou dezenas de questões relevantes pertinentes
ao Imam “Assajjad” (a.s.) e que se diversificaram por direito
na forma e no desenvolvimento do ensino. O teor de tais questões
caminhava no sentido de evitar as modificações e alterações,
para que os crentes permanecessem no caminho da retidão e da
paz na sociedade em que vivem, a fim de ser responsáveis nas
condutas do trabalho e do dever. Defendia o Imam (a.s.) que os fiéis
devem usar de recursos que possam enaltecer a posição
do “Azan”, ou seja, da convocação às
orações, pois a confiança, o apelo e a súplica
a Deus Glorificado aprofundam, no homem, a necessidade ditada pela pobreza,
humildade, compaixão e incapacidade diante de Deus Supremo. Quando
se depara com estes obstáculos e se conscientiza de sua pequenez
diante do Absoluto, o homem passa a apelar ao Poder Divino, almejando
o Seu auxílio, para que possa enfrentar as tentações
e os reveses apresentados pelo quotidiano, livrando-se das correntes
apostas às mãos e corações humanos pelo
maldito Satanás.
Ao orar e suplicar, o Imam Ali Ibn Al-Hussein (a.s.) começava
sempre com o louvor e a glorificação a Deus Supremo, orando
sobre Mohammad, Seu Mensageiro, e sobre todos os seus Profetas, abençoando
e saudando a Linhagem do Mensageiro de Deus (s.a.a.a.s.). Depois, procurava
avizinhar-se de Deus apresentando as questões relativas à
vida, ao mundo e à eternidade, tal como, por exemplo, glorificar
e santificar Deus Todo Poderoso e o servilismo diante Dele, implorando-lhe
indulgência e perdão. Dessa forma, o homem se sente realmente
servo de Deus Supremo, seja ele quem for. Caso contrário, atuará
com arrogância, injustiça e blasfêmia, assoberbando-se
sobre os devotos de Deus, desprezando-os, enfraquecendo-os e tentando
afastá-los do Criador Verdadeiro e de Sua doutrina e ensinamentos.
O Imam (a.s.) sempre se opôs a tudo isto, exortando o povo em
seus discursos a se afastarem do iníquo e se conscientizarem
sobre a importância de seu Magnificente Criador.
O Imam “Assajjad” fez muitas exortações ao
seu povo e lhes deu conselhos utilíssimos, diversificados de
acordo com o momento vivido. Este magnífico legado foi reunido
sob o título de “A Página da Genuflexão”
(Assahifatu Sajjadiyah), um presente aos crentes, a fim de mostrar o
Reino da Justiça que a humanidade deve se encaminhar para que
possa se aproximar de seu Criador e Senhor para alcançar a Sua
graça e a felicidade nesta vida terrena e na eternidade.
A Mensagem dos Direitos
O Imam “Formosura dos Devotos”, ou seja, “Zein Al-Abidín”,
defendia com fervor os direitos humanos. Entretanto, ele ressaltava,
antes de tudo, os direitos de Deus Supremo sobre Seus servos e depois
o direito do próprio homem sobre si mesmo. Também ensinava
sobre como o homem deverá obtê-lo, com a aprovação
de Deus, e de como adquiri-lo, a fim de permanecer nos caminhos da felicidade
e do bem. Outro aspecto que abordava eram os direitos às graças
maravilhosas com as quais Deus beneficiou o homem, por meio do seu próprio
corpo, tal como a visão, a audição, a língua
e demais órgãos vitais, orientado como utilizá-los
em seu próprio benefício e em benefício da sociedade
em que vive, para que ter uma existência salutar. Há os
direitos sociais, tal como os direitos dos pais, os direitos da esposa,
os direitos do marido, os direitos dos filhos, os direitos dos parentes,
os direitos dos vizinhos, os direitos do amigo, os direitos do consulente,
os direitos do grande, os direitos do pequeno, os direitos do benfeitor,
os direitos do conselheiro, enfim, todos os direitos na vida social.
O Imam (a.s.) defendia os direitos políticos e econômicos,
tal como, o direito do governante sobre o seu povo, o direito do povo
sobre seu governante, o direito do empregador, o direito do empregado,
o direito do sócio e qualquer outro direito concernente ao campo
dos direitos sobre o empenho para uma vida feliz, seja individual, social
ou nacionalmente.
O Imam “Assajjad” (a.s.) procedeu com solidez sobre os grandiosos
ensinamentos celestiais e o entendimento do eterno Alcorão Sagrado,
como jamais alguém chegou a escrever sobre eles. Suas características
eram o liberalismo e franqueza; portanto, é mister que o homem
pare e pense como proceder, tal como o faz o esperançoso e o
sapiente, a fim de conhecer os segredos da vida e seus direitos. Este
Imam enriqueceu a humanidade com seus ensinamentos e sabedoria, levando
as pessoas sinceras e justas a conhecer o Islam magnífico e verdadeiro.
As pregações e a sabedoria
Tanto os livros quanto as Tradições, as biografias e a
história, mencionaram centenas das pregações e
exortações do Imam Ali Ibn Al-Hussein (a.s.). Seu ministério
foi eloqüente e expressivo, falando ao homem e à sociedade
sobre a necessidade de um governo justo e, por isso, sólido e
forte, fazendo com que o seu povo conhecesse a verdade da vida, que
é passageira. Infelizmente, muitos ignoram este aspecto e se
iludem com ela, perdendo-se no desconhecimento e na ignorância.
Somente os sábios e os retos aos olhos de Deus se encontram protegidos
das ilusões do mundo, caminhando sempre na senda deste Imam (a.s.),
absorvendo a riqueza de suas pregações e discursos.
Segue, abaixo, um excerto de um de seus discursos maravilhosos:
“Óh, humanos! Temei a Deus e sabei que a Ele retornareis.
Sabei que cada alma prestará contas de seus atos, tanto faz bons
ou maus, mesmo que tenha ocorrido entre ambos uma distância razoável;
Deus os julgará! Ai de ti, óh, descendente de Adão,
que sois irrefletido! Sabei que não haverá imprevidência
sobre ti. E, se a tua morte te surpreender repentinamente, sentirás
em fração de segundos a necessidade de entender e analisar,
mas a tua morte te será implacável e se tornará
sobrecarregada e então, o anjo te arrancará o espírito
ao teu corpo e teus dois anjos, Munkar e Nakír, irão te
questionar sobre as tuas ações, sendo que, primeiramente
te perguntarão sobre qual era o Deus que adoravas, e qual era
o Profeta que te fora mandado, e qual a Religião que tu professavas,
e qual era o Livro que recitavas, e qual era o Imam que tu seguias,
e sobre o que desgastaste em tua idade e donde adquiriste as tuas riquezas
e como as gastavas. Por isso, alerta-te e olha sobre ti mesmo e só
respondas depois de analisar, questionar e conhecer...”
No que alude ao seu Conselho Correto:
“Se praticares a caridade, Deus vos recompensará; e se
servires a Deus, sereis engrandecidos diante d’Ele; e se Deus
vos livrou dos lamentos, devereis temê-Lo; e se vos aproximardes
de Deus, Ele ampliará a vossa sobriedade; o vosso contentamento
diante de Deus será precedido com Seu arrimo e Ele vos encaminhará
para a Sua assistência; e se fordes generosos, é porque
sois piedosos diante de Deus...”
O Imam Ali Ibn Al-Hussein (a.s.) teve proveitosos pensamentos, tais
como:
__ “Aquele que possuir alma nobre, torna-se-lhe-á tranqüila”.
__ “Aquele que se contenta com o que Deus lhe reservou, pode se
considerar o mais rico de todos”.
__ “A vitória do Senhor é tua, se vires teu inimigo
agir ao contrário dos preceitos de Deus sobre ti”.
É-nos bastante adquirir uma avaliação sintetizada
sobre a vida do magnífico Imam Ali Ibn Al-Hussein (a.s.) e seus
discursos e oratórias em prol de Deus, interrompidos com seu
assassinato; quão grandes foram as perdas e os danos funestos,
pelo ultrajante crime contra este Imam!; quanto a humanidade perdeu
de sua generosidade tão singela e de seu abundante saber!; enfim,
quão abominável e terrível foi este crime, por
ter sido praticado contra um dos fervorosos defensores de Deus!
A Morte do Imam “Assajjad”
O Imam Ali Ibn Al-Hussein (a.s.) morreu, injustiçado e preocupado,
na cidade de Medina. A causa da sua morte foi a ingestão de um
veneno que lhe foi ministrado por parte do governante daquela cidade,
que se chamava Suleiman Ibn Abdel Mâlik Ibn Maruán, por
ordem do califa Omíada Hichám Ibn Abdel Mâlik Ibn
Máruan. Contra o Imam (a.s.), não se lhe computou culpa
alguma, senão ter sido o mestre dos ensinamentos de Deus, aqui
na terra, sempre içando o estandarte da Justiça, e ter
sido um Imam verídico e correto, guiando o povo pelos caminhos
da virtude e da iluminação, até o dia em que morreu
como mártir, no ano 95 da Hijra, correspondente ao ano de 718
d.C, aos cinqüenta e sete anos de idade.
O Imam “Assajjad” foi sepultado no cemitério de Al-Baquí,
ao lado de seu tio, o Imam Al-Hassan Ibn Ali Ibn Abi Táleb (a.s.),
na cidade de Medina. Aquele dia foi um dos mais funestos para os seus
moradores, devido ao clamor que tomou conta da cidade, que se vestiu
com a roupagem da tristeza e da aflição, despedindo-se
de seu injustiçado Imam (a.s.). Ele deixou atrás de si
os seus ensinamentos, oratórias, discursos e sabedoria, dos quais,
até hoje, os crentes se beneficiam, tal qual a chama do saber.
Os verdadeiros crentes amaldiçoam eternamente todos os execráveis
criminosos que levantaram a mão assassina contra o Imam da Justiça
(A paz esteja com ele no dia em que nasceu, no dia em que morreu e no
dia em que ressuscitará).