O 5° Imám Mohammad Ibn Ali “Al Báquer” – “O Erudito”

É o Imam Mohammad Ben Ali Ibn Al-Hussein Ibn Ali Ibn Abu Táleb (a.s.), cognominado de “Al-Báquer” isto é, “Aquele que esmiúça o conhecimento” ou “O Erudito”, por dedicar-se à expansão do conhecimento e do saber, aproximando-se e mergulhando no âmago da sabedoria.

O Imam Mohammad “Al-Báquer” (a.s.) nasceu na cidade de Medina, no de 57 da Hijra, correspondente ao ano de 676 d.C. Cresceu e se desenvolveu sob amparo de seu avô paterno, o Imam Al-Hussein durante três anos. Aos quatro anos de idade, acompanhou seu pai, Ali Ibn Al-Hussein, quando ocorreu a batalha de Karbalá, no ano 61 da Hijra.

Seu pai foi o Imam Ali Ibn Al-Hussein “Assajád”, isto é, “O Genuflecto”; sua mãe foi Fátima Bent Al-Hassan; seu avô paterno foi Ali Ibn Abu Táleb; sua avó paterna foi Fátima “Azzahrá” Bent Mohammad.

O Imam Mohammad foi o primeiro Hachemita, isto é, membro da família de Bani Hashem (a família do Profeta), nascido de pais Hachemitas pela união dos filhos do Imám Al-Hassan e Al-Hussein.

O Imam Mohammad “Al-Báquer” teve sete filhos de diversas esposas, os quais são: O Imam Açadeq, Abdullah, Ibrahim, Ubaid’Allah, Ali, Zeinab e Umm Salama.

Biografia do Imám Mohammad “Al-Báquer” (a.s.) 

1. O Imam “Al-Báquer” (a.s.) atuava como seus purificados ancestrais, sempre mencionando Deus Supremo e dirigindo-se a Ele com intensa devoção, dedicação e amor. Ele não dava importância a nada que não o aproximasse de Deus. Seu filho, o Imám “Açadeq” (o sexto Imam Infalível) falava em suas citações: “O meu pai era demasiadamente devoto em sua fé… se andava com ele, pronunciava o nome de Deus… se comia com ele, pronunciava o nome de Deus… quando conversava com o povo, não deixava de mencionar o nome de Deus… enfim, sempre via sua língua colada ao seu palato, pronta à pronúncia de ‘Lá Iláha Illa’Láh’, isto é, ‘Não há divindade além de Deus’”.

2. O Imam “Al-Báquer” (a.s.) preocupava-se muito com os interesses da Nação Islâmica e seus problemas, procurando sempre amenizar o seu sofrimento, provocado por governantes cruéis e seu despotismo, sempre empenhado no prosseguimento da índole da Linhagem do Profeta.

O Imam “Al-Báquer” (a.s.) praticava a caridade para com os necessitados e os alimentava, vestia e os auxiliava financeiramente, dizendo-lhes: “A caridade do mundo é a conexão entre os irmãos e o conhecimento”. Certa vez, Hassan Ben Cuthair falou: “Fui me queixar para Abu Jaafar, Mohammad Ben Ali, das minhas necessidades e do afastamento dos irmãos e ele me disse: ‘ Perante a oposição fraterna, o irmão se te mostrará complacente quando fores rico e te ignorará ao te tornares pobre’, depois tirou um saquinho contendo 700 dirhams e nos deu dizendo: ‘Use esse saquinho e, quando terminar, comunique-me’”.

3. De acordo com a informação histórica, a cunhagem das moedas islâmicas foi feita sob a orientação e aprovação do Imam “Al-Báquer” (a.s.), quando o príncipe omíada Abdel Malêk Ben Maruán viu que as moedas eram cunhadas de acordo com a arte bizantina, sem a insígnia religiosa e longe da unicidade de Deus. Preocupado, foi se aconselhar com os sábios muçulmanos, sem, porém, obter deles solução alguma. Entretanto, um deles se manifestou dizendo: “Vossa Majestade irá se opor ao descobrir quem poderá solucionar a questão”. Abdel Malek, intrigado, o advertiu, dizendo: __ Cuidado com o que dizes… que solução é esta? O homem, confiantemente respondeu-lhe: “Somente o Imam “Al-Báquer” é que tem a solução para a questão, Majestade”. Imediatamente, Abdel Malek escreveu para o Governador de Medina, para que este lhe enviasse até Damasco o Imam Al-Báquer, com toda a dignidade e consideração que ele merecia. Assim que o Imam chegou em Damasco, Abdel Malek citou-lhe a questão da cunhagem da nova moeda, e, após ouvi-lo até o fim, o Imam “Al-Báquer” ordenou a presença dos impressores a fim de modelarem a nova cunhagem. De um lado deveria constar a frase da unicidade de Deus: “Lá Iláha Illa’Lah” e do outro, o nome do Profeta Mohammad, marcando o valor dela, sendo a primeira moeda equivalente aos 10 Dirhams, pesando 10 onças (0,333 g); a segunda moeda, equivalente a 10 Dirhams, pesando 6 onças (0,200g); e a terceira moeda, equivalente a 10 Dirhams, pesando 5 onças (0,167g). Somando as três moedas, o valor seria de 30 dirhams, equivalentes a 21 onças, a fim de equiparar seu valor à moeda bizantina. Advertiu o Imam que todos os países e províncias islâmicas deveria ser avisados, para trocar os 30 dirhams bizantinos pesando 21 onças por outros 30 dirhams islâmicos, pondo fim às divergências e mal-entendidos que os muçulmanos e o Estado sofriam.

O Imam Mohammad “Al-Báquer”, tomou posse de seu ministério após a morte de seu pai, o Imam “Assajjad”, no ano de 95 da Hijra. Seu imamato estendeu-se por longos 19 anos.

A Escola do Conhecimento do Imam “Al-Báquer” 

No capítulo alusivo ao Imam “Assajjad”, foi mencionado que ele produziu dezenas de sábios, cientistas, pensadores, eruditos e homens do saber, fundando cargos para a legislação divina, apesar das circunstâncias difíceis que o rodeavam durante o seu período, provocadas pelos governantes da ocasião. Quando o Imam “Assajjad” partiu ao encontro de seu Senhor, sucedeu-o o Imam Mohammad “Al-Báquer”, que por sua vez deu continuidade ao correto exame e produção de legislações e responsabilidades divinas, a fim de conduzir a sua nação, dedicando-se a cada dia ao conhecimento profundo e dinâmico, para o amparo da Nação Islâmica, aumentando a quantidade de homens dedicados à sapiência e ao saber, expandindo com eles as instituições de pensamento islâmicas.

Assim, intensificou-se a procura por ele, com pessoas interessadas vindo de todas as províncias, as quais se dirigiam a ele, inclusive eruditos de várias crenças e ideologias, que em sua maioria acabavam se submetendo à ampla sapiência do Imam Mohammad Ben Ali Ibn Al-Hussein.

É deveras curioso de quanto se lhe reportaram honras, mesmo em sua época, e do quanto aumentavam, dia-a-dia, os seus discípulos, os quais conversavam sobre ele com comoventes discursos, enfatizando sua competência na jurisprudência e ciência, interpretação, caráter, ideologia e diversos conhecimentos islâmicos.

Um de seus discípulos , Mohammad Ben Moslem, disse: “Toda vez que se me afigurava algum parecer, recorria imediatamente a Abu Jaafar” __Ele aludia ao Imam Al-Báquer__ e o questionava sobre trinta mil questões. Outro de seus discípulos, Jáber Ben Yazid Ajaafi, confirmava: “Abu Jaafar já conversou comigo sobre setenta mil questões”; e quando Jáber Ben Yazid falava sobre ele, fazia a seguinte alusão: “Conversou comigo o Conselheiro dos Conselheiros e Herdeiro da Sapiência dos Profetas, ninguém menos que Mohammad Ben Ali Ibn Al-Hussein”.

Conselhos e Ensinamentos Eternos do Imam “Al-Báquer” 

Enquanto nós nos encontramos na orla do oceano da sapiência deste Imam, colhemos tudo o que nos é proveitoso para esta vida e na eternidade, tal qual alguns de seus pensamentos:

”O crente não se torna esclarecido até passar a não invejar aquele que está acima dele e não desprezar aquele que não possui algo.”

“Três são os procedimentos cujo autor não morrerá antes de enfrentar seus resultados daninhos: a opressão, a falta de compaixão e o falso juramento, usando o Santo Nome de Deus em vão.”

“Faça da obediência a recompensa pela compaixão. Para que se forme um povo, deverá existir a união, a fim de aumentar suas riquezas. O falso juramento e a falta de compaixão aumentarão a desunião na humanidade.”

“A mentira é a praga da fé.”

“O devoto jamais será covarde, nem cobiçoso, nem avarento.”

“Aquele que é ávido pelo mundo, iguala-se ao bicho-da-seda: quanto mais enrolar o casulo sobre si mesmo, mais se torna difícil sair dele.”

“Não ofendeis os crentes.”

“Deus desaprova Seu servo se este permitir a introdução de Seu inimigo em sua casa, sem lhe opor resistência.”

“Amaldiçoado o povo que considerar a questão pelo favor e fechar os olhos para o ilícito, por julgá-lo uma questão vergonhosa.”

A morte do Imam Al-Báquer (a.s.) 

Apesar da grandiosa posição que o Imam Mohammad “Al-Báquer” ocupava na sociedade, por causa de seu amplo conhecimento e sapiência, que nutriam os corações dos eruditos e do povo geral, o governante omíada Hicham, quarto filho de Abdel Malek, decidiu acabar com ele. Assim sendo, persistiu no caminho dos tiranos e ignorantes, oprimindo-o, até que, finalmente, decidiu dar cabo de sua por envenenamento. Assim feito, o Imam “Al-Báquer” passou a agonizar com intensas dores, provocadas pelo veneno ingerido, até que, em determinada noite, chamou por seu filho, Jaafar “Açadeq”, e falou-lhe com palavras derradeiras: “Eis que chegou a minha hora. Ainda nesta mesma noite partirei, meu filho, pois vi meu pai me oferecendo uma doce bebida e eu a tomei. Depois, ele anunciou a minha morada eterna e o encontro com a verdade”. Pouco depois, o Imam Mohammad “Al-Báquer” (a.s.) entregou seu espírito a Deus.

No dia seguinte, a cidade de Medina Iluminada despertou com o tumulto da multidão que seguia o féretro do seu Imam tão querido. Ele foi enterrado no cemitério de Al-Baqui, ao lado do jazigo do Imam Al-Hassan e do seu pai, o Imam Ali Ibn Al-Hussein (a.s.).

O Imam Mohammad “Al-Báquer” (a.s.) partiu desta vida terrena deixando atrás de si o rastro da sabedoria e uma herança incalculável, com a fundação de grandiosos ensinamentos da escola islâmica, a qual se sobressaiu e se desenvolveu com a sua autenticidade, pelo seu elevado esclarecimento e compreensão, herdados de seus purificados ancestrais e principalmente, de seu tataravô, o Apóstolo de Deus Mohammad (s.a.a.a.s.).

O Imam “Al-Báquer” (a.s.) partiu queixando-se da dúvida dos tiranos e sua desobediência em relação à doutrina de Deus. O Imam “Al-Báquer” partiu com a idade de 57 anos, no ano 114 da Hijra, correspondente ao ano de 732 d.C. Seus ensinamentos e conhecimentos permanecem até hoje como referência àqueles que procuram o alimento da sabedoria, da justiça e da verdade.