VIDA E EXEMPLO DE FÁTIMA MA’ASSUMAH (a.s.)

Fátima Ma’assumah (a.s.), que nasceu no dia 01 de zul qa’ada, era filha do sétimo Imam da Casa Profética, o Imam Al-Kazem (a.s.) e, portanto, irmã do Imam Ali ibn Mussa Arreda (a.s.). Pelo amor e especial afeto que seu pai tinha pela filha do Profeta Muhammad, deu-lhe o mesmo nome, Fátima. Sua pureza e virtude foi tal que após um tempo foi denominada “Ma’assumah”, que significa “Infalível”, pois assim como seu nobre pai, distanciava-se do pecado e da maldade.

O Imam a amava muito e de nenhuma maneira reprimia a expressão de afeto e carinho por sua filha. Fátima (a.s.) crescia cheia de amor sob a proteção de seus queridos pais e novas coisas aprendia. Fátima Ma’assumah (a.s.), com o benefício da presença do seu pai e irmão impecável e de sua piedosa e sábia mãe, adquiriu tal grau de conhecimento que foi conhecida durante sua juventude pela grande capacidade e erudição nas ciências islâmicas.
Situação política

Haviam se passado três anos do califado de Harun Arrachid quando Fátima Ma’assumah (a.s.) nasceu. Harun, em maldade, opressão e roubo do dinheiro público superou aos governadores que o precederam. O Imam Al-Kazem (a.s.) não podia permanecer em silêncio frente à injustiça, crueldade e traição de Harun ao Islã. Por isso, condenou de diversas maneiras o seu governo anti-religioso e lutou contra o seu regime opressor.

Assim, Fátima Ma’assumah (a.s.), nos últimos anos de vida de seu pai, viu-se privada de vê-lo e obter o benefício de sua sagrada presença, padecendo de grande tristeza pelo cativeiro de seu Imam e guia, enviado à capital do Império, Bagdá, onde Harun podia vigiá-lo de perto.

Para o Imam Al-Kazem (a.s.), também foi muito difícil o distanciamento de seus filhos puros e piedosos, como o Imam Reda (a.s.) e Fátima Ma’assumah (a.s.). Quando se lembrava de sua filha querida e de seu semblante inocente e puro, seu coração chorava por ela.

Amor ao irmão

Então, em um maldito dia, o maldito Sendy ibn Shahk, por ordem de Harun, envenenou o Imam. Quem assumiu o Imamato foi seu filho, Ali ibn Mussa Arreda (a.s.). No ano de 200 A.H., o califa Maamun, filho de Harun Arrachid, convocou o Imam (a.s.) a Marv, que era sua capital de inverno e ficava localizada ao Norte do atual Irã. O Imam (a.s.) chegou à cidade em 201 A.H.. Durante este tempo, Fátima Ma’assumah (a.s.) que era muito ligada ao seu irmão, deixou Medina para visitá-lo. Na região de Saveh, adoentou-se devido à longa jornada.

Quando Fátima Ma’assumah (a.s.) chegou perto de Qom, já no território da Pérsia, Mussa ibn Khazraj, um dos seguidores da Famíla do Profeta (a.s.), foi dar-lhe as boas-vindas. Ele a levou à sua casa e, junto de seus familiares, cuidou dela. Quando Fátima (a.s.) soube que seu irmão havia sido martirizado pelo califa Maamun, em Tuss, sua doença agravou-se e ela faleceu. Em torno de sua tumba foi construído um grande santuário, na cidade sagrada de Qom. Anualmente, milhares de muçulmanos do mundo inteiro vão ao local para beneficiar-se de suas bênçãos e providenciais intercessões.

O PAPEL DA MULHER NA ASHURA

EM NOME DE DEUS, O CLEMENTE, O MISERICORDIOSO.

A PAZ E AS BENÇÕES DE DEUS SEJAM COM O PROFETA MUHAMMAD E  SUA NOBRE FAMÍLIA.

UMA BREVE EXPLICAÇÃO DO SIGNIFICADO DA PALAVRA ASHURA.

A palavra “Ashura” é derivada da raiz da palavra “a’shara” (o número dez, na língua árabe). Ashura foi um incidente histórico e triste ocorrido no 10º dia do 1º mês (Muharram) do calendário islâmico. O mês de Muharram é um mês sagrado. Nele, um grupo muçulmano hipócrita e desviado matou o Califa verdadeiro dos muçulmanos, o Imam Hussein (a.s.), neto do Profeta Muhammad (s.a.a.a.s.) e filho do Imam Ali ibn Abi Tálib (a.s.), sua família e seus companheiros, no 10º dia de Muharram, na cidade de Karbalá, no atual Iraque (cerca de 100 km ao sul da capital iraquiana, Bagdá).

A santidade deste mês consiste em proibir o confronto durante a sua duração. Os árabes, desde o período pré islâmico, têm no calendário lunar 04 meses sagrados, sendo um isolado, chamado Rajab, e os outros três em seqüência: o 11º mês, chamado Zi Al-Qa’dah, o 12º mês, chamado Zi Al Hajja (o mês da Peregrinação) e o 1º mês, que é Muharram. Quando iniciou a mensagem do Islam entre os árabes, eles aceitaram a tradição de respeitar e consagrar estes quatro meses.

Voltando à Ashura. A preparação para a batalha que teve cabo em Karbalá durou, na verdade, cerca de seis meses. Simbolicamente, contudo, podemos dizer que a batalha contra os hipócritas e opressores segue até os dias de hoje.

Devemos prestar atenção às atrocidades cometidas pelo exército de Bani Omeia (a Família dos Omíadas, os hipócritas) na tarde do dia daquela batalha. Eles deceparam as cabeças dos corpos dos mártires, inclusive do neto do Profeta (a.s.), colocando-as nas pontas das lanças. Em seguida iniciaram uma triste viagem de Karbalá a Kufa, também, no Iraque, de Kufa a Damasco, na Síria, e daí até Medina, na Arábia. Nesta viagem, os familiares do Profeta Mohamad (a paz e as benções de Deus sejam com ele e sua nobre família) participaram como reféns. Infelizmente, o povo árabe foi afetado pela falsa propaganda que era divulgada pelos Bani Omeia no percurso da caravana, fazendo com que as pessoas acreditassem se tratar de bizantinos ou outro grupo de incrédulos.

A partir daquela data, os muçulmanos celebram, durante os primeiros dez dias do primeiro mês do calendário lunar islâmico, a Ashura, que na história islâmica é um movimento no qual o Imam Hussein (a.s.) registrou, na história islâmica, uma revolução contra a escola dos hipócritas, marcando de forma indelével o primeiro século da historia islâmica. O Imam Hussein (a.s.), por estar sempre em companhia do Profeta Mohamad (s.a.a.a.s.), seu avô, do Imam Ali (a.s.), seu pai e de Fátima Azzahrá (a.s.), sua mãe, adquiriu uma personalidade, sabedoria, conhecimento e prudência que o qualificaram a possuir a liderança do Islam naquela época. Por isso foi considerado o líder perfeito da nação islâmica (Umma Islamiya), sendo indicado, para tal função, pelo nobre profeta Muhammad (s.a.a.a.s.).

 Por outro lado, os Omíadas eram liderados por Muawiah e seu filho Yazid, malditos sejam. Eles conformaram o primeiro grupo dos hipócritas dentro da Nação Islâmica, pois só eram muçulmanos pela língua e aparências. Seus corações e almas continuavam iguais como na época pré-islâmica (a época da ignorância), ou seja, continuavam verdadeiramente incrédulos. Este grupo conseguiu chegar ao posto político mais alto no Islã, que era o Califado. A partir de então, perpetrou atos terríveis, como matar pessoas inocentes, mudar a legislação islâmica, interpretar as tradições proféticas de forma errada e adotar como conselheiros pessoas de conduta desviada.

Este movimento causado pela família de Omíadas foi um golpe muito forte ao Islã, pois eles possuíam uma mentalidade muito perigosa, colocando em risco a Nação Islâmica. Atento e vigilante, o Imam Hussein (a.s.) sentiu que o comportamento iníquo e corrupto dos governantes omíadas traziam perigo ao povo e à Religião Islâmica, percebendo que ela trilhava o caminho da debilidade.

Em relação ao povo muçulmano, vemos que ele encontrava-se totalmente reprimido pela propaganda, por forças militares, por falsos sábios, religiosos corruptos e, principalmente, por uma lavagem cerebral empreendida pela família de Omíadas, que desqualificava a Nobre Família do Profeta (a.s.).

O Imam Hussein (a.s.) decidiu, então, iniciar uma Revolução contra o falso califa Yazid, filho do maldito Muawiah, que Deus os amaldiçoe, decidindo também que a mulher participasse nesta revolução de forma profunda e marcante.

Nós, nesta noite, temos que falar sobre o papel da mulher na Ashura. Obviamente o Islã ordenou à mulher que seja sempre participativa ao lado do homem, em toda sua vida. E através desta sentença islâmica, veremos como o papel da mulher em Karbalá foi efetivo. Recordaremos alguns exemplos das mulheres que participaram deste grande e doloroso incidente da historia islâmica.

Temos como primeira mulher a esposa do Profeta Muhammad (s.a.a.a.s.), chamada Umm Salama (que Deus esteja satisfeito com ela). Podemos dividir a participação desta Senhora em dois atos, um antes e outro depois da Ashura.

Veremos o primeiro ato antes da Ashura. Sabemos que o Imam Hussein (a.s.) emigrou de Medina para Meca e depois para Karbalá. E antes de sua saída de Medina, Umm Salama foi avisada que o Imam (a.s.) estava preparando sua caravana de viagem para fazer uma levante contra o maldito Yazid. Ao saber de sua intenção, ela partiu para a casa dele e disse com uma voz triste:

“Oh meu filho, não me deixe angustiada pela sua ida à Karbalá, porque eu escutei seu avô, o Mensageiro de Deus (s.a.a.a.s.) dizendo que você será assassinado na terra do Iraque, em um lugar chamado Karbalá, e eu tenho uma porção desta que será sua terra (a terra onde o Imam será assassinado) e a guardei em uma garrafa com a qual o Profeta (A.S) me presenteou.”

O Imam Hussein (a.s.) respondeu-lhe com decisão e orgulho:

“Oh mãe! Eu já sei que serei assassinado e degolado injustamente, e Deus Altíssimo quer que me vejam, a minha família, meus companheiros angustiados, meus filhos degolados e as mulheres de minha família ser prisioneiras.”

 Ao escutar estas palavras do Imam Hussein (a.s.), ela sentiu-se triste e respondeu em voz alta:

“Sinto que, onde você for, será assassinado.”

Ele respondeu:

“Enquanto eu não der valor à vida humilde, oh minha mãe, se eu não for hoje, irei amanhã, e se não for amanhã, irei depois de amanhã, pois minha morte é uma certeza. E eu sei em que dia e em que hora eu serei assassinado. Conheço o túmulo onde serei enterrado e o conheço como conheço a ti. E agora, olhando para este túmulo, é como se olhasse para você.”

Ela ficou com o coração ferido pela partida do Imam Hussein (a.s.).

O segundo ato dela inicia-se ao terminar o dia de Ashura. Na noite deste dia ela sonhou com o Profeta (s.a.a.a.s.) e neste sonho a cabeça e a barba do Profeta (s.a.a.a.s.) estavam misturadas com areia. Ao perguntar no sonho o que havia ocorrido com ele, o Mensageiro de Deus (s.a.a.a.s.) respondeu:

“Eu assisti ao assassinato do Imam Hussein (a.s.).”

Ao recordar de seu sonho, ela começou gritar:

“Hussein foi assassinado. Oh Deus, castigue os assassinos enviando o fogo às suas casas e túmulos.”

Então ao escutar os gritos, um companheiro do Profeta (s.a.a.a.s.) correu à casa de Umm Salama, encontrou a casa cheia de pessoas e perguntou:

“Óh, mãe dos crentes {esta forma especial de chamar é exclusiva para as esposas do Profeta (s.a.a.a.s.)}, que aconteceu contigo? Estás gritando e chorando!.”

Ela não lhe respondeu. Em seguida, foi até onde estavam as mulheres descendentes do Profeta (s.a.a.a.s.), da família de Bani Hachem, dizendo-lhes:

“Oh, filhas de Hachem, chorem comigo. Eu juro a vocês que o neto do Profeta (s.a.a.a.s.) e seu fruto foram assassinados em Karbalá.”

Elas questionaram:

“Como você soube que foi assim?”

Então ela comentou sobre o sonho que tivera com o Profeta (s.a.a.a.s.) e sobre o assunto da garrafa com a terra do Imam Hussein (a.s.). Ao escutarem, todas as mulheres participaram juntas com Umm Salama deste luto, realizando uma grande e triste reunião, começando a dar as condolências à ela e as mulheres de Família de Hachem. Esta mulher purificada continuou sua vida triste e angustiada por causa do assassinato do Imam Hussein (a.s) e pouco tempo depois morreu, amargando esta situação dolorosa.

A SEGUNDA DAMA

A segunda senhora foi a esposa do Imam Ali (a.s.), chamada Fátima Bint Huzam (Umm Banin). Podemos dividir sua participação em três atos: antes, durante e depois da Batalha de Karbalá.

O primeiro ato: Nós sabemos que o Imam Ali (a.s.) casou-se com esta mulher somente após a morte de Fátima (a.s.), filha do Profeta (s.a.a.a.s.) e sua primeira esposa, exatamente por causa do respeito que ele tinha por esta mulher extraordinária (a.s.).

Umm Banin foi uma grande mulher, pelo tratamento moral que devotou aos filhos do Imam Ali (a.s.) (Hassan, Hussein, Zainab e Umm Kulthum). Ela originalmente chamava-se Fátima, mas desde que entrou na casa do Imam Ali (a.s.), não aceitou que os filhos dele e outras pessoas a chamassem de Fátima, para que os filhos de Fátima não a recordassem quando chamassem a segunda esposa do Imam Ali (a.s.). Além disso, ela considerava Fátima (a.s.), filha do Profeta (s.a.a.a.s.), mais importante e com valor superior a ela.

O segundo ato: Ela se ofereceu para defender o Islã, formado na personalidade do Imam Hussein (a.s.), oferecendo quatro filhos, que foram martirizados em Karbalá. Durante a batalha, ela estava em Al-Medina, cuidando de seus netos, filhos de Abbas.

O terceiro ato: Quando terminou a batalha de Karbalá, a caravana de Ahlul-Bait (a.s.), integrada pelos Parentes do Profeta (a.s.), regressou depois de uma longa viagem a Medina. Antes de a caravana chegar, o Imam Ali Ibn Hussein (a.s.), cognominado Zainul Abidin (“Formosura dos Crentes”), encabeçou-a e momentos antes de adentrar a cidade, enviou Bechr Ibn Halzam, que era famoso poeta em Medina. Os árabes, antigamente, quando necessitavam fazer um aviso importante, usavam os poetas, pois normalmente eles tinham o dom de usar palavras perfeitas para chamar a atenção do povo. Por isso, quando ele entrou em Medina, foi ao centro da cidade {ao lado do túmulo do Profeta (s.a.a.a.s.)} recitando uma poesia muito triste:

        Óh habitantes de Al-Medina, Hussein foi assassinado,
E minhas lágrimas estão rolando.
O corpo dele está sobre a terra de Karbalá,
E sua cabeça está sendo carregada sobre as lanças.

Entre os habitantes de Al-Medina que estavam sendo avisados naquele momento, encontrava-se Umm Banin. Tão logo escutou o aviso, correu-lhe uma expressão triste no rosto. Ao tentar falar, só conseguia balbuciar. Bechr, ao vê-la naquele estado, perguntou-lhe quem era. Ela logo identificou-se como Umm  Banin, mãe de Abbas. Em seguida, perguntou sobre o Imam Hussain (a.s):

“Informe-me sobre Hussein.”

Ele disse:

“Deus te recompense bem por teu filho Abdullah.”

Porém, ela retrucou:

“Eu não te perguntei sobre Abdullah, informe-me sobre Hussein.”

Ele repetiu:

“Deus te recompense bem por teu filho Othman.”

Ela voltou a repetir:

“Eu não te perguntei sobre Othman, informe-me sobre Hussein.”

Ele tornou a dizer:

“Deus te recompense bem por teu filho Jaafar.”

E ela outra vez respondeu:

“Eu não te perguntei sobre Jaafar, informe-me sobre Hussein.”

Ele voltou a dizer:

“Deus te recompense por teu filho Abbas.”

Ao escutar o nome de seu filho Abbas, ela começou a gritar, a chorar e entrar em histeria. Momentos depois, mais calma, esperou que a família do Profeta (s.a.a.a.s.) entrasse em Al-Medina. Zainab (a.s.), ao entrar em Medina, pediu a sua empregada que impedisse que qualquer mulher da cidade entrasse  em sua casa, pois estava em luto profundo.

Umm Banin, quando soube que Zainab (a.s.) estava em casa, correu à casa dela. Porém, a empregada atendeu dizendo que Zainab (a.s.) havia proibido a entrada de qualquer pessoa. Mesmo assim, Umm Banin insistiu que avisasse a Zainab (a.s.) que ela estava à porta.

Tão logo escutou o nome de Umm Banin, Zainab (a.s.) imediatamente aproximou-se da porta para receber esta senhora querida e sincera. Em seguida, começaram a dar as condolências, uma à outra. Zainab (a.s.), expressando os votos de que Deus recompensasse à Umm Banin pelos quatro filhos que caíram mártires em Karbalá, enquanto Umm Banin expressava os votos de que Deus recompensasse à Zainab (a.s.) pelos entes queridos que haviam sido martirizados em Karbalá.

Assim a história encerra uma de suas páginas mais belas do amor a Deus e sinceridade à Religião.

ENTRE A FÉ E O SENTIMENTO.

O ser humano, quando pára para refletir sobre sua fé e seu sentimento, percebe que adentra em um assunto muito delicado, pois o sentimento pode ser muito forte e às vezes dominá-lo, levando-o para caminhos incorretos. São poucos os que dominam o sentimento por completo, e os que conseguem, vivem melhor e de maneira correta.

No incidente ocorrido em Karbalá, apareceram dois grupos seguidores do Imam Hussein (a.s.), que foram o melhor fenômeno do triunfo sobre o sentimento, pois sabiam que a vitória estava ao lado da fé. Estes grupos caminharam de forma correta porque estavam orientados pela fé que possuíam. Suas ações eram para Deus Único, na defesa da Religião Divina e seus valores.

Neste sagrado ambiente, as mulheres muçulmanas tiveram um papel marcante, tomando uma decisão elevada, sem igual na história humana. Elas entenderam e executaram uma das obrigações religiosas, que é a defesa da verdade e dos valores religiosos e humanos. Em Karbalá, elas a colocaram acima de todos os sentimentos humanos.

A TERCEIRA DAMA

Umm Amr Al-Ansari foi uma mulher exemplar na defesa do Islã. Esta senhora, no momento da batalha, estava atenta a tudo que ocorria, quando viu  seu marido ser assassinado. Então, chamou, o seu filho Amr, que tinha somente 11 anos, ordenando-o que também se juntasse na defesa do Imam Hussein (a.s.) e seus objetivos. Amr, ao entrar no campo de batalha, foi logo avistado pelo Imam Hussain (a.s.), que com o coração dolorido, chamou o jovenzinho, pedindo:

“Volte para sua mãe, para que ela seja amparada em toda sua existência ao seu lado.”

Obedecendo ao Imam Hussein (a.s.), ele regressou para sua mãe com os olhos cheios de lágrimas. Sua mãe, ao observar o campo de batalha, notou que seu filho estava retornando. Ela pensou que seu filho estivesse trocando a esperança de ser mártir ao lado do Imam Hussein (a.s.), por medo da morte. Ao aproximar-se dele, perguntou o porquê do regresso. O jovenzinho respondeu que o próprio Imam Hussein (a.s.) não tinha dado autorização para que ele lutasse, e que voltasse para sua mãe para ampará-la. Ao ouvir isso ela disse:

“Realmente, o Imam Husseain viu que você é muito jovem ainda, e que a bainha de sua espada ainda arrasta no chão. O Imam Hussein (a.s.) sabe também que agora sou viúva e seu coração foi sensível para com minha situação atual. Oh, meu filho, retorne ao Imam Hussein (a.s.) e diga-lhe que sua mãe ordenou que participasse desta batalha com ele.”

O pequeno jovem foi ao encontro do Imam Hussein (a.s.) e começou a falar, gaguejando:

“Meu senhor, minha mãe me ordenou que eu defendesse a ti e ao Islã.”

O Imam Hussein (a.s.) então disse a este jovem:

“Deus Altíssimo lhes recompense. Entre, oh meu filho.”

O rosto do jovem iluminou-se de alegria e ele, então, correu para beijar a mão do Imam Hussein (a.s.). Em seguida, partiu para o campo de batalha com a força e a firmeza da fé. Pouco tempo depois, tombou mártir pela defesa do Islã. Sua mãe, impaciente ao ver seu filho morto, entrou também na batalha e enquanto lutava, dizia estas frases:

“Eu sou uma mulher velha e fraca, porém golpeio fortemente com minha espada para defender ao Imam Hussein.”

Chegando próximo ao corpo de seu filho, abaixou-se e sentou-se ao lado da cabeça dele, em seguida começou a limpar o sangue de seu corpo, mesmo sabendo que ele já estava morto.

O Imam Hussein (a.s.), ao vê-la, ordenou que saísse do campo de batalha e fosse para o acampamento de Ahlul Bait (a.s.).

A QUARTA SENHORA

Ummul Wahhab foi esposa de um dos seguidores do Imam Hussein (a.s.), chamado Abdullah Ibn Omair Al-Kalb. Este guerreiro foi ferido muitas vezes e ao meio dia de Ashura, tombou mártir no campo de batalha. Sua esposa, que a tudo assistia, apoiava-o, gritando:

“Guerreie fortemente e defenda a família de Mohammad (s.a.a.a.s.).”

Logo ao ver seu marido cair morto, tomou um pedaço do mastro de uma barraca e avançou ao campo de batalha, dizendo:

“Meu querido, eu nunca te abandonarei. Com certeza vou morrer contigo defendendo o Imam Husseain.”

O Imam Hussain (a.s.) ao vê-la, disse:

“Deus Altíssimo te recompense, pois a luta não é obrigatória para as mulheres.”

Ela retornou da batalha parabenizando ao seu esposo por estar agora adentrando o Paraíso. Em seguida pediu a Deus para que a concedesse também o Paraíso e que nunca a separasse de seu marido. Quando um maldito soldado, inimigo de Deus e pertencente ao exército do maldito Yazid, escutou estas palavras, matou-a.

Ela foi a única mártir morta na Ashura.