O 9° Imam Mohammad Ibn Ali – “O Generoso”

É o Imam Mohammad “Al-Jauád” Ibn Ali “Al-Reda” Ibn Mussa “al-cázem” Ibn Jaafar “Açadeq” Ibn Mohammad “Al-Báquer” Ibn Ali “Zein Al-Abidin” Ibn Al-Hussein “O mártir” Ibn Ali Ibn Abi Táleb (a paz esteja com eles).

O Imam Mohammad Ibn Ali, tinha o cognome de “Al-Jauád”, isto é, “O Generoso”, bem como, a transnominação de “Abu Jaafar”.

Nascimento: O Imam Mohammad Al-Jauád nasceu na cidade de Medina no ano de 810 d.C. correspondendo ao ano de 195 da Hijra, e era filho único do Imam Ali “Al-Reda”, nascendo tardiamente, deixando os xiitas preocupados a espera de seu nascimento, pois o Imam “Al-Reda” já estava em idade avançada (40 anos de idade aproximadamente, e, quando nasceu seu filho, explodiu a alegria entre os entes queridos).

Conta-se que Haquima, irmã do Imam “Al-Reda”, falou: “Meu irmão “Al-Reda” pediu-me para permanecer ao lado de sua esposa depois que seu filho nasceu e eu fiquei. No terceiro dia, enquanto estava ninando o recém-nascido, vi-o arregalar seus olhinhos e olhar para o céu. Depois virou-se para a direita e para a esquerda e exclamou em voz clara: ‘Eu testemunho que não há outra divindade além de Deus e Mohammad é o Mensageiro de Deus!’Surpresa, levantei apavorada e fui correndo até meu irmão “Al-Reda” e contei-lhe o que aconteceu. Calmamente meu irmão me disse: Isto não é nada, vocês ainda verão muito mais”.

Seu Pai: O oitavo Imam Ali “Al-Reda”, com o qual o Imam “al-Jauád” conviveu por sete anos somente.
Sua mãe: Seu nome era Sabíaca, originária da Núbia (parte setentrional do Sudão e a extremidade sul do Egito) e dizem que ela descendente de Maria, a Copta, que foi esposa do Profeta Mohammad (Deus o abençoou e a sua Linhagem e os saudou) e mãe de seu filho Ibrahim (A paz esteja com ele).

Alguns livros relatam que o Mensageiro de Deus (Deus o abençoou e a sua Linhagem e os saudou) a mencionou chamando-a de “A melhor das Escravas”, e, realmente, Sabíaca era tida uma das mulheres mais virtuosas e elevado caráter.

Seus Filhos

Teve oito filhos, sendo quatro do sexo masculino: Ali “Al-Hádi”, Mussa “Al-Mubarqa”, Al-Hussein e Omrám; e quatro do sexo feminino: Fátima. Khadija, Umm Colçum e Raquima. Todos de uma só esposa, a merceeira do Magherb.

Seu Ministério

O Imam Mohammad “Al-Jauád”(A paz esteja com ele), tomou posse de seu ministério após a morte de seu pai, o Imam “Al-Reda” (A paz esteja com ele) no ano de 818 d.C. e tinha ele então oito anos de idade aproximadamente, e isto gerou uma polêmica à respeito dele e de como poderia liderar os muçulmanos com tão pouca idade, sem se lembrarem de que o conhecimento dos Imames é um dom de Deus e não dos homens, portanto, a idade não conta quando se trata de profecias ou de ministério teológico (Imamato)__ e que Deus Todo Poderoso, escolhe aqueles que guiam e orientam o povo ; tanto é, que o próprio Alcorão menciona sobre o Profeta Issa (Jesus) quando ele ainda estava no berço: “… e disseram: Como falaremos a uma criança que ainda está no berço? e ele lhes disse: Sou o servo de Deus, O Qual me concedeu o Livro e me designou Profeta”__ Alcorão Sagrado Cap. 19 versículos 29 e 30, bem como menciona o Profeta Yahia (João Batista) quando ele atingiu o dom da profecia ainda menino: “Ó Yahia observa o Livro fervorosamente e o agraciamos com a sabedoria ainda na infância” Alcorão Sagrado Cap. 19 versículo 12. Com isto, nada poderia haver para estranhar no ministério do pequeno Imam Mohammad “Al-Jauád” e de outros Imames que tomaram posse do seu ministério em tenra idade.

Assim sendo, o Imam Mohammad “Al-Jauád” (a paz esteja com ele) foi exposto a diversos ensaios e exames que seus opositores exigiam, sejam de pessoas leigas ou de quem não lhe dava a devida importância, e, para surpresa de todos, o Imam (A paz esteja com ele) fez jus a sua missão, sabedoria e dom de excepcional conhecimento, que Deus o agraciou.

O Imam Mohammad “al-Jauád” no tempo de seu pai

O Imam Mohammad “al-Jauád”, isto é, “O Generoso” (A paz esteja com ele) viveu sob orientação de seu pai durante sete anos; e quando Al-Mamun mandou o Imam “Al-Reda” (A paz esteja com ele) para a Capital do califado Abássida, em Khorassan, este deixou “Al-Jauád” na cidade de Medina e o menino tinha então quatro anos de idade, porém, o Imam “Al-Reda” manteve correspondência com o filho orientando-o e lembrando-o de prosseguir a sua missão através do sentimento de nobreza e de majestade de Deus, aludindo a ele como “Abu Jaafar, meu recomendado e sucessor depois que eu me for”, e em outra ocasião falava: “Este, Abu Jaafar, o estabeleci em meu lugar e eu o encaminhei para tal…” e declarava em outra feita: … “ e porque somos da Linhagem do Profeta, os outros disputam os nossos pequenos e os nossos grandes”.

As cartas do Imam Mohammad “al-Jauád” para seu genitor, eram respondidas no final da informação, realização e bondade; e ele (A paz esteja com ele) era tido o mais digno dentre os seus conterrâneos, seja pela sabedoria e devoção seja pela ação e generosidade, em todos os sentidos que o Mensageiro de Deus (Deus o abençoou e a sua Linhagem e os saudou) mencionou em relação aos Imames por ele determinados para a sucessão depois dele e o Imam (A paz esteja com ele) confirmou tudo que o Mensageiro de Deus expôs.

O Fenômeno pela pouca idade do Imam Mohammad “Al-Jauád”

Quando tomou posse de seu ministério do imamato na liderança dos muçulmanos, foi um acontecimento extraordinário nunca dantes ocorrido dentre os Imames purificados (A paz esteja com eles) e a história confirma de que ele tinha realmente oito anos de idade, aliás, este fenômeno foi considerado, dos mais difíceis, pelo fato de comprovar a veracidade de que os Imames serem realmente da Linhagem do Profeta e que ela é de uma dignidade grandiosamente divina, sendo uma determinação gritante diante dos governos dissimulados na ocasião, bem como, este fenômeno foi público e revelado diante do povo e não escondido ou secreto, pois o Imam Mohammad “Al-Jauád” (A paz esteja com ele) não estava ocultos de seus fieis, ou sua liderança rodeada de oficiais e corpo de guarda, como o eram os governantes na ocasião; pelo contrário, o Imam praticava as suas atividades diretamente com o povo e trabalhava com a nação, respondendo com objetividade as perguntas e questões, que lhe eram feitas. Enfim, este fato extraordinário fez com que os cruéis governantes barrassem os caminhos do Imam com atitudes hostis e inimigas, pois não concebiam a idéia que um Imam da idade dele seja precocemente apto para liderar e fazer jus aos deveres da liderança; e, covardemente passaram a expor o Imam Mohammad “al-Jauád” (A paz esteja com ele) diante de testes e exames a fim de afastar dele o povo.

Por sua vez, o califa Abássida reuniu os mais influentes sábios de sua corte, pedindo ao Juiz Supremo, que na ocasião, era Yahia Ibn Actham, apresentar uma questão ao pequeno Imam com a intenção de desorientá-lo, para não encontrar a solução a mesma e assim, mostrará a todos que o seu quociente intelectual é limitado a idade dele.

E Yahia Ibn Actham fez a seguinte pergunta ao Imam Mohammad “Al-Jauád” (A paz esteja com ele):

O que me dizes sobre o Al-Mahram (é quando o muçulmano faz a peregrinação a Meca e deve se abster de alguns atos tais como: vestir-se de roupas costuradas, casar, olhar-se no espelho, matar, etc.) na matança de uma caça?

O pequeno Imam lhe respondeu com outras perguntas:

__Matou a caça sob permissão ou proscrição? A proscrição era conhecida ou estranha? Matou-a propositadamente ou despropositadamente? Era livre ou escravo? Era adulto ou não? Era amador ou profissional? A caça era da mesma espécie das aves ou diversificada? A caça era de pequeno porte ou de grande porte? Firme pelo que fez ou arrependido? A caçada foi durante a noite ou de dia? Era proscrita a sua caçada durante a Al-Omra ou Al-Hajj?

Diante das divergências de sua pergunta feita ao pequeno Imam (A paz esteja com ele), Yahia Ibn Actham ficou indeciso, não conseguindo esconder dos demais a sua fragilidade e interrupção, passando a balbuciar palavras inteligíveis, e, mais uma vez o Imam Mohammad “Al-Jauád” (A paz esteja com ele) provou a todos a sua capacidade e inteligência incomuns, não alcançados pelos mais sábios eruditos e nobres.

Pensamentos do Imam Mohammad “Al-Jauád”

“A morte do homem pelos pecados é maior do que pela morte comum; e a sua vida pela arrogância é maior do que a sua longevidade”.

“Quatro características determinam o homem ao trabalho: a saúde, a aniquilação, o conhecimento e a harmonia”.

“O retardamento do perdão é a sedução; o prolongamento da compensação é a indecisão; o sofrimento, para Deus é a destruição; a insistência sobre os que confiam na habilidade de Deus (e só os vencidos que não confiam na habilidade de Deus)”.

“Aquele que exortou o seu irmão secretamente, o respeitou; e quem o exortou publicamente, o ofendeu”.

“O dia da justiça sobre o opressor é mais violento do que o dia da injustiça contra o oprimido”.

“Três são as características que fazem o devoto alcançar a benevolência de Deus Supremo: Extremosa devoção; flexibilidade lateral e extremosa doação. E, três são as características de quem guardou segredo e não se arrependeu: o abandono da pressa; o conselho e a fé em Deus na hora da decisão”.

“Quem escuta o falante, o adorou, porém, se o assunto é sobre Deus, então adorou a Deus; mas se o falante tiver sido o porta-voz do demônio, adorou a Satanás”.

“Quem presenciou algo e o desprezou, foi se estivesse ausente; e aquele que se ausentar de algo que agradasse, é como se tivesse presenciado”.

“A demonstração de algo, antes que seja fixado, torna-se –lhe um mal”.

“Quem se enriqueceu em Deus, o povo necessitará dele; e quem se devotou a Deus, as pessoas passam a amá-lo”.

“O praticante da opressão, o determinado e o concordante são sócios”.

“A doutrina é glória, o conhecimento é tesouro, o silêncio é luz. Nada destrói uma doutrina como o faz a seita, nada é mais desprezível ao homem do que a ganância; o mais conveniente ao pastor é seu rebanho e é com a invocação, dissipa-se a aflição”.

“Certo homem pediu ao Imam Mohammad “Al-Jauád”: “Me aconselhe”, e o Imam lhe respondeu: “E tu o seguirás?”, e o homem assentiu com a cabeça; então o Imam disse: “Medite com paciência e abrace a pobreza e recuse os desejos e contrarie as paixões e lembre-se de que não escapas do olhar de Deus, portanto, fique alerta de como estiverdes”.

“A abnegação da graça, atrai o que é abominável”. Quem te recompensa com o agradecimento, deu-te mais do que recebeu de ti”.

“Os sábios são meros estranhos dentre os leigos”.

Situações Políticas em que o Imam Mohammad “Al-Jauád” viveu

A política do califa Abássida Al-Mamun, prosseguiu com o Imam Mohammad “Al-Jauád” (A paz esteja com ele) tal qual como o fez com o Imam “Al-Reda” (A paz esteja com ele), na tentativa de aproximar a linha imamata com o sistema do Governo, revelando à população sobre a existência de solidez entre a mesma e a estrutura do califado Abássida, a fim de atrair para si, a simpatia do povo e dar fim as inquietações e revoluções internas que os paises islâmicos sofriam; ao mesmo tempo em que o Imam (A paz esteja com ele) passa a dinamizar as suas atividades com minuciosidade, inclusive, o califa Abássida Al-Mamun apressou em casar o Imam Mohammad “al-Jauád” com a sua filha Umm Al-Fadl no ano de 204 da Hijra, oferecendo-lhe a permanência com ele, porém, o Imam teimou em voltar para a cidade de Medina, e assim, ocorreu,levando consigo sua esposa Umm Al-Fadl; lá chegando, o Imam (A paz esteja com ele) passou a praticar suas diversas atividades e, com isso, tencionou a:

1. Precaução contra os planos de Al-Mamun que pretendia solidificar o plano dos da Linhagem do Mensageiro de Deus com o Governo Abássida que era oblíquo.

2. Para anunciar ao povo em geral a separação dos Imames da justiça, dos Imames da aberração e da injustiça.

3. Afastar-se das residências de autoridades, a fim de poder pregar a sua missão junto ao povo com maior liberdade, sem expô-los ao perigo de perseguições futuras.

4. A fim de movimentar as suas atividades com mais desenvoltura.

Assim, o Imam “Al-Jauád”(A paz esteja com ele) permaneceu na cidade de Medina praticando nela a sua liderança, porém, sua esposa Umm Al-Fadl observava suas atividades, e, como eximia espiã, mandava as informações todas ao seu pai Al-Mamun, mas mesmo assim, o Imam permaneceu em Medina até o ano de 220 da Hijra, quando Al-Mutassem (Al-Motamen) irmão de Al-Mamun mandou-o para Bagdá contra a vontade deste, a fim de mantê-lo perto de seu olhar, e poder observá-lo melhor, na ocasião, o Imam “al-Jauád” contava com 25 anos de idade.

É praxe ressaltar de que foi uma graça divina de Deus Supremo que o Imam “Al-Jauád” (A paz esteja com ele) não teve filhos com sua esposa Umm Al-Fadl, filha do califa abássida Al-Mamun, e, todos os seus filhos foram gerados de outra esposa que se chamava Sammana Al-Maghrabiya, isto é, Sammana do Maghreb, a qual possuía a melhor das índoles, cuja reputação inatacavelmente honrada, e, pelo que apresentaram as pesquisas históricas, os Imames só nascem de mães devotas, possuidoras de ventres purificados.

A morte do Imam “Al-Jauád”

Quando o califa abássida Al-Mutassem sucedeu seu irmão Al-Mamun, no ano 220 da Hijra, correspondente ao ano de 803 d.C. mandou chamar o Imam “Al-Jauád” para Bagdá a fim de observar de mais perto e vigiar-lhe os movimentos e atividades, enquanto tecia uma telha de artimanhas para se livrar dele, principalmente quando o Imam deu sua opinião na Assembléia Legislativa, diante de entidades especiais, homens representantes da erudição e sapiência, ao discutirem sobre a permanência do limite e seu modo; e, o Imam “Al-Jauád” (A paz esteja com ele) opinou sobre a questão do ladrão, cuja condenação seria pela corte da mão (que deveria ser pelos quatro dedos somente exceto o dedo polegar).

Ao lhe perguntarem com que objetivo ele questionava esse assunto, o Imam respondeu: “O Mensageiro de Deus falou: “A genuflexão deverá ser feita com os sete órgãos__ o rosto, as duas mãos, os dois joelhos e os dois pés__ e se lhe cortasse a mão pelo cotovelo não lhe teria uma mão para genuflexar e apoiar nela; e Deus Bendito e Supremo revelou pelo Alcorão Prudente: ‘Os massaged (os sete órgãos humanos) são de Deus; não invoqueis alguém com o nome de Deus’__ Alcorão Sagrado Cap. 72 versículo 18. Portanto, os sete órgãos usados para a genuflexão pertencem a Deus, e o que é de Deus não se decepa”.

Diante disso um dos eruditos se irritou. Era um parente do califa Abássida Al-Mutassem, o qual também era ao Juiz Supremo da corte, chamado Ibn Abi Daúd. Rancorosamente, o Juiz disse: “Quando o Imam opinou na sua decisão é como se estivesse chegado o Dia do Juízo Final, e meu desejo é não estar vivo neste dia!”. A partir daí, Ibn Abi Daúd começou a alimentar mais a ira e a inimizade do califa contra o Imam, já que por natureza o califa sentia aversão pelo Imam “Al-Jauád” (A paz esteja com ele) e já pleiteava se livrar dele de alguma forma, até que decidiu eliminá-lo pelo envenenamento; e assim foi. O sacrifício do Imam ocorrido pelo veneno fatal foi em 220 da Hijra, na cidade de Bagdá, onde foi enterrado ao lado de seu avô Mussa Ibn Jaafar, no cemitério de Coraich na cidade de Al-Cazimiya, ao norte de Bagdá, cuja beleza da arquitetura islâmica é impar.

O Imam “al-Jauád” (A paz esteja com ele) morreu aos 25 anos de idade, porém, deixou atrás de si uma grande legado de palavras eternas e discursos que distinguem a vida dos disciplinados na rota de Deus Supremo; e com isso prova que o valor de um homem não é pela sua longevidade e sim, pelo seu modo de ser, tal como diz o ditado: “Não diga quanto viveu, mas como viveu”.Enfim, o Imam “al-Jauád” partiu deixando atrás de si uma herança eterna e proveitosa para as gerações devotas e inclinadas para o bem e a perfeição.