Eis que teve início com o pôr do sol da última quinta-feira (21 de setembro, no calendário ocidental) o mês de Moharram, o primeiro do calendário lunar islâmico. E eis que, com Moharram, chega o momento de lembrarmos o martírio de Hussein bin Ali bin Abi Talib (a.s.), o Senhor dos Mártires e a garantia da permanência eterna do Islã.

Além de convidarmos todos para que participem das sessões de rememoração da Ashura, na Mesquita Imam Ali, em Curitiba, até o dia 30 – sempre a partir das 20 horas e com falas em português – firmamos o propósito de publicar, todos os dias, uma sessão, para que todos conheçam a importância deste período.

As seções de luto sobre a Ashura

Introdução

Deus seja Louvado, Aquele que nos entregou a Sua graça e Sua misericórdia ao exortar-nos a amar e a seguir o profeta Muhammad e sua Descendência Purificada. Eles são considerados as “Luas Iluminadas”, as “Estrelas Brilhantes” e os “Alicerces do Conhecimento e da Sabedoria”. Em favor deles, Deus Altíssimo revelou, no Alcorão Sagrado, o seguinte versículo:

“Certamente, Allah deseja afastar de vós a abominação, óh, Membros da Casa , bem como purificar-vos integralmente”. Surata 33, Vers. 33.

Deus Altíssimo considerou que a recompensa neste mundo, para o seu Mensageiro (A.S.), é o amor a esta Descendência Sagrada. No Alcorão Sagrado, Ele, O Altíssimo, diz:

“Isto é o que Allah anuncia para os Seus servos crentes, que praticam o bem. Dize-lhes (Óh, Profeta Mohammad): Não vos exijo recompensa alguma por isto, senão o amor a minha linhagem”. Surata 42, Vers. 23.

Louvado seja Deus, Aquele que nos deu a capacidade e habilidade de conhecer o Candeeiro da Orientação e a Nave da Salvação, o Imam Al-Hussein (A.S.), filho de Ali Ibn Abi Taleb (A.S.), que a paz esteja com ambos. Ele, O Altíssimo, nos ordenou que revivêssemos a sua recordação e lembrássemos, todos os anos, sua tragédia justa de martírio em Karbalá, no dia de Ashura.

Esta celebração anual é uma homenagem de todos os fiéis muçulmanos, em respeito ao Islamismo e em solidariedade à mesma Família do Profeta. Constitui-se em consolo ao querido Santo Profeta Mohammad, que a paz esteja com ele e sua Purificada Família.

A seguir, mencionamos alguns textos sobre as celebrações da Ashura. Eles trazem informações sobre o levante do Imam Al-Hussein (A.S.) em Karbalá, contendo observações sobre os seguintes assuntos e as seguintes características:

1 – Concretização do relacionamento emocional, humano e moral com o Imam Al-Hussein (A.S.) – Considerar o Imam Al-Hussein (A.S.) como um exemplo humano.
Estes textos detalham alguns incidentes que aconteceram em Karbalá e explicam, especialmente para os adolescentes e jovens, as ligações entre estes incidentes e os valores educacionais que devem ser observados e praticados pelas gerações atuais e próximas.

2 – Estes textos não possuem uma linguagem clássica e complexa, que sobrecarregue a mentalidade dos jovens e adolescentes.

3 – Não será explicada a revelação do Imam Al-Hussein (A.S.) em Karbalá de maneira puramente trágica (“chorar só por chorar”).

4 – Confirmamos que o Imam Al-Hussein (A.S.) levantou-se contra o governo injusto e hipócrita de sua época, com o objetivo de restaurar a ordem na Nação Islâmica.

5 – São textos de linguagem simples, para que nossos jovens possam alcançar e compreender o que aconteceu neste incidente.

6 – Estes textos são compostos por dez (10) seções, divididas em dez (10) dias, os dias de Ashura, um período no qual os muçulmanos se encontram costumam recordar esta tragédia. Cada texto está intitulado de maneira que combine o incidente da Ashura com um objetivo educacional e moral.

7 – Finalmente, não podemos dizer que essas explicações são perfeitas em todos os sentidos. É necessário, sempre, renovar e melhorar essas informações, para que aumente a cultura histórica e religiosa de nossos jovens. Por isso, nós devemos participar e avaliar todos os nossos movimentos e atividades culturais, sociais e religiosas. Devemos sempre oferecer sugestões objetivas e observações importantes, para proteger as gerações futuras informando-as (e formando-as) de maneira correta.

Que a paz esteja com todos vocês e nós desejamos que Deus nos acompanhe em todas as nossas ações e atividades.
Amém!

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Primeira Seção: Por Que nós choramos pelo Imam Al-Hussein (A.S.)?

Irmãos queridos, por que os muçulmanos Xiitas , todos os anos, no início do primeiro mês do calendário Lunar Islâmico – Muharram – realizam reuniões de luto e tristeza, nas quais vestem-se de preto e choram por causa do Imam Al-Hussein (A.S.)?

A resposta é a seguinte: Verdadeiramente, os muçulmanos Xiitas revivem e rememoram o martírio de um Imam (A.S.), isto é, um Guia Religioso e Espiritual que está entre os Imames mais importantes da Linhagem Profética (A.S.). Ele foi o Imam Al-Hussein (A.S.), filho do Imam Ali e Fátimah (A.S.), neto do Profeta Mohamad (A.S.). O motivo principal do nosso choro e nossos lamentos é o amor que está presente nos nossos corações em relação a este Grandioso Homem. Nutrimos esta incomensurável afeição por ordem de Deus Altíssimo e de seu Profeta, Mohammad (A.S.).

O Imam Al-Hussein (A.S.) é uma personalidade da história humana pela qual nos reunimos, anualmente, para reviver a sua tragédia. Ele é o querido amante e amado do Profeta (A.S.), que a seu respeito e de seu irmão, o Imam Al-Hassan (A.S.), declarou a seguinte frase: “Ele são os senhores dos jovens do paraíso”. Também disse o Profeta (A.S.) em relação a ambos: “Al-Hassan e Al-Hussein são minhas flores nesta vida”. Afirmou, anda, o Profeta (A.S.) sobre Al-Hussein (A.S.): “Hussein é uma parte minha e eu sou parte de Hussein. Deus ama quem o ama”.

Os narradores dizem que, certo dia, o profeta Mohammad pegou as mãos de seus dois netos e declarou o seguinte: “Quem me ama, ama estes dois e os seus pais , estará comigo no mesmo grau, no Paraíso”.

Porém, por que o Imam Al-Hussein (A.S.) foi muito amado, também, por Deus Altíssimo? E por que o ser humano pode ser amado por Deus Altíssimo?

O ser humano bondoso e bem-feitor, aquele que trilha o caminho da verdade e da justiça, que ensina, pratica e luta pela virtude, é amado por Deus Altíssimo, ao mesmo tempo em que é amado por todos os homens sinceros na terra.

Assim foi o Imam Al-Hussein (A.S.), desde a infância até o dia de seu martírio. Ele nunca cometeu um erro, falha, pecado ou ação inadequada. Foi um ser humano de conduta impecável, infalível e imaculada. Ele (A.S.) praticava muito as orações e adorações a Deus Altíssimo, passando a maior parte de seu tempo realizando ações benéficas e recitando o Alcorão Sagrado. Tinha uma grande visão social, ajudando os pobres e resolvendo os problemas dos necessitados. Em sua sociedade e em sua época, o Imam Al-Hussein (A.S.) era conhecido como exemplo de bons comportamentos e ações louváveis. Era carinhoso com todas as pessoas e respeitoso com o próximo. Esta retidão de caráter e de atitudes era conseqüência de ele ter sido criado dentro da Casa Profética, sendo o Profeta Muhammad (A.S.) em pessoa – ninguém menos que seu avô! – o mestre de sua educação.

Além deste aspecto familiar, o Imam Al-Hussein (A.S.) foi uma pessoa dedicada a atividades de ordem política e social, defendendo os oprimidos e enfrentando os injustos, pervertidos e corruptos da sua época.

Por isso ele levantou contra os desviados governantes injustos e hipócritas na Nação Islâmica, sacrificando a sua alma e as almas de seus companheiros e familiares na defesa da verdade e justiça, na defesa da verdadeira mensagem islâmica.

Ele (A.S.) não suportou a injustiça e a corrupção praticadas pelos governantes desviados de sua época. Por isso, levantou-se para restaurar a ordem religiosa, em suas dimensões espirituais, sociais e políticas, na Nação Islâmica.

Sim, amigos e irmãos queridos, o Nobre Profeta (A.S.) nos indicou o Imam Al-Hussein (A.S.) para ser um exemplo vivo da Religião Islâmica. Ele foi o portador da responsabilidade de protegê-la e preservá-la em todos os seus aspectos, levando a humanidade, assim, a trilhar os caminhos da felicidade, bondade e correição.

Qualquer homem que possui estas características humanas e religiosas merece ser amado, respeitado e homenageado por todos os seres humanos. A recordação deste homem e de seus grandes feitos deve manter-se viva e ativa em todos os lugares e tempos, porque o Imam Hussein (A.S.) representa, de maneira venerável, todos os mais elevados e caros valores humanos.

A triste mensagem desta seção

Os pobres costumavam ir à casa do Imam Al-Hussein (A.S.) para buscar o seu auxílio na satisfação de suas necessidades espirituais e materiais. Ele era detentor de grandes qualidades morais e seu olhar tornava-se especialmente enternecido quando se dirigia aos rostos dos pobres, no momento em que estes acorriam a ele pedindo sua ajuda. Al-Hussein (A.S.) não gostava de ver alguém aflito com a humilhação da necessidade, mas, tampouco, apreciava a ostentação. Por isso, quando fazia alguma doação aos pobres, ele a entregava por trás de uma porta.

Depois do incidente de Karbalá, veio um homem e bateu na porta da casa do Imam Al-Hussein (A.S.) pedindo ajuda. Neste momento, saiu uma mulher e perguntou:

“Óh, senhor! O que desejas?”

Ele a cumprimentou e perguntou:

“Onde está o Imam Al-Hussein?”

Ela respondeu que ele estava ausente.

Ele perguntou:

“Onde está Al-Abbas?”

E ela tornou a responder que estava ausente.

O homem, então, indagou:

“Onde está Ali Al-Akbar?”.

Ela respondeu novamente que estava ausente.

Então ele perguntou:

“Quando eles voltarão?”

Neste momento, aquela senhora começou a chorar de uma maneira muito dolorida, porque ela não queria dizer que eles nunca mais voltariam, pois haviam tornado-se mártires sobre as areias de Karbala!!!