Por Hussein Mohamad Taha*

O mundo assiste aos preparativos para uma guerra, ou como gostam de falar os americanos, uma “intervenção cirúrgica” na Síria, mas como esse acontecimento está mexendo e vai mexer na região do Oriente Médio? Vale Relembrar a situação política neste local, temos uma iminente guerra civil no Egito, o maior pais árabe da Região, uma instabilidade política no Líbano, no Irã, um novo presidente mais moderado, grupos terroristas como Al-Qaeda, Mujahadins ou de resistências como o Hezbollah, no Líbano, além de termos um conflito inter-religioso entre sunitas e xiitas o que influi em muitos países da região, provocando revolta, guerras e perseguições.

Com estes elementos devemos analisar as peças deste tabuleiro, de uma lado temos, Estados Unidos, Inglaterra, França, Qatar, Kuwait, Bahrein, Israel, Turquia, e Arábia Saudita além de organizações terroristas como Al-Qaeda, vale lembrar que a al-Qaeda foi responsável pelos atentados de 11 de setembro nos EUA, 11 de Março na Espanha e um atentado no metrô de Londres além de atentados no Quênia, na Tanzânia e na própria Arábia Saudita. Do outro lado temos: Síria, Rússia, China, Líbano, Iraque, mesmo com uma guerra civil interna tem dado um grande apoio a Síria, Irã, e ao Hezbollah, considerado pelo governo Americano grupo terrorista, mas conhecido por ser um grupo de resistência, ou uma partido político armado, além de possuir centenas de milhares de voluntários.

Há alguns dias os rebeldes financiados por países como Arábia Saudita, Qatar e Bahrein alegaram que o governo Sírio havia utilizado armas químicas na população, algumas perguntas ficam no ar por que o governo de Bashar usaria estas armas se está ganhando a guerra? Qual a origem destas armas e se são mesmo da Síria ou foram plantadas por estrangeiros que querem a destruição da Síria, para servir aos Interesses americanos? A ONU nomeou uma comissão que foi verificar, mas que não conseguiu por que terroristas proibiram ou tentaram atrapalhar atribuindo esses percalços ao governo Sírio.

As potências estão se preparando para dar um “ataque de punição” ao governo Sírio, esse ataque pode levar uma guerra generalizada, já que a Rússia também enviou porta aviões e soldados, o mesmo fez a China enviando soldados e o Irã que está preparando suas tropas e ficando de prontidão, do outro lado temos os  Estados Unidos que manobram seus porta aviões e mobilizam soldados e Israel alerta a população para estocar alimentos e materiais de necessidade básica e distribui máscaras de gás.

Em seu artigo “O tabuleiro sírio” publicado no Jornal Estado de São Paulo, o Cientista Político Hussein Ali Kalout nos mostra cenários possíveis em caso de um ataque, “Pelo primeiro cenário, sob a perspectiva de sauditas, catarianos e turcos, é factível concluir que esses atores não possuem interesse na solução imediata do conflito. O seu objetivo consiste em empurrar a sangria até 2014, último ano de mandato de Bashar Assad, tornando inviável sua permanência ou extensão de sua presidência. Um segundo cenário seria de interesses de Moscou e Washington, aparentemente, mais sintonizados. Para ambos, as ações militares de Israel e a participação do Hezbollah ampliam as chances de alastramento do conflito, com a abertura de várias frentes, envolvendo, além da própria Síria, o Líbano, Israel e os territórios palestinos.”

Em minha opinião seria muito difícil a oposição Síria administrar um país destruído, com poucas estruturas inteiras ou com seu funcionamento parcial, com uma população dizimada, em sua maioria contrária a esta oposição, vale lembrar que o presidente Bashar Al-Assad foi eleito democraticamente, seu governo tem participação plural de Cristãos Ortodoxos, Muçulmanos tanto Xiitas quanto Sunitas, um presidente sempre aberto ao diálogo,  a Síria é um pais Pan arabista, socialista onde o governo oferece toda infra estrutura para um bem estar da população oferece serviços como educação, saúde, segurança entre outros itens.

Com certeza qualquer mudança no cenário político da Síria trará profundas mudanças não só na Síria, mas na região, estas mudanças ou até a permanência do presidente Bashar iram alterar a balança de poder na região, um exemplo com a saída do atual governo e a entrada de um governo de oposição que dará aos Estados Unidos mais um aliado na região podendo ser mais um aliado a Israel e isolando o Irã, com isto,  enfraquecendo a corrente Xiita na região, além da Rússia e China que perdem um forte aliado e parceiro militar e econômico.

Já a permanência de Bashar deixará equilibrada a balança de poder e fortalecerá o novo governo do Irã, ajudará com certeza o Líbano e neutralizará Israel e fortalecendo os laços com a Rússia e a China, a Europa e os Estados Unidos e Arábia Saudita,  além da corrente Sunita que sairá ainda mais enfraquecida desta batalha e a al-Qaeda perderá mais força ainda. Com certeza nem para os Estados Unidos e seus aliados é interessante que o Presidente seja retirado do poder, pois uma oposição pode ser muito pior mais hostil e não se pode saber quem assumirá o comando de um país estratégico para o desenvolvimento do Golfo e do Extremo Oriente, mas como na política e muito menos na política internacional nada é coerente devemos aguardar os novos desdobramentos deste iminente conflito, que com certeza dará ainda mais lenha para novos conflitos e acirrar ainda mais a disputa interna no islamismo entre os Xiitas e os Sunitas.

* Internacionalista especialista em Geopolítica e as Relações Internacionais pela Universidade Tuiuti do Paraná.