Por Hussein Mohamad Taha*

Nos últimos tempos vimos que a imprensa mundial vem distorcendo informações, criando inverdades a respeito da religião Islâmica e sobre o Oriente Médio. Principalmente em assuntos referentes à crise na Síria, Líbano e em outros países da região, como Irã, Palestina e Arábia Saudita, informações que levam leitores, telespectadores e a todos que buscam informações, terem uma visão completamente distorcida e falsa de inúmeras situações e com isso ajudam a manipular a opinião pública.

A Crise na Síria é tratada como uma guerra decorrente da Primavera Árabe, o presidente Bashar Al-Assad como ditador, os terroristas como rebeldes e opositores ao governo sírio, que é tratado como regime e/ou ditadura. O que ocorre hoje, na Síria, em nada tem relação com a Primavera Árabe, que foi um levante popular contra governos corruptos, opressores em países como Egito, Iêmen e Tunísia, por geração de empregos, por melhores salários, educação, saúde entre outras reivindicações. No início dessas manifestações, os governos tentaram sufocar os revoltosos com violência, o que gerou ainda mais indignação na população e a queda de governantes como Hosni Mubarak no Egito e Ben Ali na Tunísia.

Na Síria, não foi um levante popular que causou a crise que já dura quase 4 anos e sim terroristas e mercenários que são financiados por Israel, Estados Unidos e Arábia Saudita. A crise na Síria tem início com a recusa do Governo Sírio em autorizar que Arábia Saudita e Qatar construam um oleoduto que alimentaria a Europa e Israel com o petróleo da região. Esse oleoduto atravessaria a Síria, que não seria indenizada pelo uso do seu território. Também há uma aliança entre Síria, Iraque, Rússia e Irã para construir um oleoduto que servirá para alimentar países do leste europeu em petróleo e gás. A Síria se encontra em cima de um bolsão de gás. Temos, então, um interesse econômico muito grande, mas a grande mídia ocidental não fala disso.

Em relação ao Presidente Bashar al-Assad ser um ditador, é necessário saber como funcionam as eleições na Síria. Os partidos políticos no país indicam os nomes dos candidatos ao cargo de presidente; o parlamento sírio indica o nome do presidente e a população, em referendo, aprova ou não o nome do presidente escolhido pelo poder legislativo. Todos os cidadãos sírios, em todo o mundo, podem votar. Bashar teve seu nome aprovado no último referendo por mais de 80% da população. Então, como ele pode ser ditador?  Simples: para a grande imprensa mundial é muito mais interessante que Bashar seja rotulado e lembrando como ditador, o que denegriria ainda mais sua imagem, enfraquecendo-o perante a comunidade internacional e a opinião pública mundial, mas a grande mídia ocidental não fala disso.

Analisando a crise na Síria, não temos um prognóstico futuro animador, já que hoje, no país, existem mais de 40 grupos terroristas ligados ou não a Al-Qaeda. Independentemente de serem ou não vinculados a este grupo terrorista, esses mercenários e terroristas não se entendem, não conseguem eleger um líder ou mesmo sequer dizer contra o que ou contra quem estão lutando. Uma coisa é certa: a crise na Síria começa a gerar uma guerra interna no Islamismo, uma guerra perigosa entre Xiitas e Sunitas, um conflito onde ninguém sairá vencedor, onde pessoas desarmadas que apenas professam e exercem a fé islâmica sairão perdedoras.

A crise na Síria, a intervenção do Hezbollah em apoio ao governo sírio contra os mercenários começa a trazer efeitos colaterais ao Líbano, o que para Israel é benéfico, já que um Líbano enfraquecido não ofereceria resistência a uma invasão sionista, que já destruiu a Palestina. Ali, todos os dias, os sionistas matam crianças indefesas e invadem casas, desabrigando os palestinos que lá viviam pacificamente, palestinos que apenas se defendem com paus e pedras. Porém, a grande mídia, financiada por Israel e pelo capital judaico, esconde tudo isso. Grandes meios de comunicação ocidentais são de propriedade de sionistas, que financiam muitas e grandes empresas nos Estados Unidos e na Europa. Então, este é mais um motivo para que os palestinos passem por terroristas e Israel por um ¨pobre país¨, que apenas se defende – imagem disseminada, inclusive, por novelas de televisão.

Nesse cenário, temos a Arábia Saudita, que se passa por um país religioso, de grande fé, mas que vem, com dinheiro, financiando mercenários, terroristas no mundo árabe e falsos muçulmanos fora dele para criar uma guerra interna no Islamismo e, com isso, destruir “adversários” como o Irã. Dessa forma, os dirigentes sauditas imaginam que poderão dominar toda a região, levando-a de volta ao século VII e VIII e destruindo tudo o que foi conquistado nos últimos séculos. Muitos sauditas se consideram donos do Islã, já que a religião surgiu num território – o Hijaz – que se localiza, atualmente, na Arábia Saudita. Mas, o que eles esquecem é que o Islamismo foi revelado para o mundo, para toda a humanidade.

O Islamismo cresceu muito nas últimas décadas, tornando-se a maior religião no mundo. Mesmo com toda a campanha de difamação que o Islamismo e os muçulmanos vêm sofrendo na última década, com mentiras como que a religião fomenta o surgimento de terroristas, que o Islamismo prega o ódio, prega a submissão das mulheres entre outras mentiras. Mesmo com toda essa campanha contra a religião islâmica, ela conta, hoje, com mais de dois bilhões de seguidores.

Existem outras informações que a grande mídia ocidental se recusa a divulgar, como a origem e o alcance do armamento químico supostamente lançado pelo governo Sírio em agosto de 2013. Inspetores da ONU provaram que a origem dessas armas era a Arábia Saudita e que seu alcance era muito curto, ou seja, não poderiam ter sido lançadas por tropas do Governo Sírio.

Com essas mentiras e profissionais muito tendenciosos, a grande mídia tenta distorcer informações importantes de acordo com os interesses de seus proprietários ou patrocinadores. Um ponto importante a ser observado é que poucos meios de comunicação mantêm profissionais de relações internacionais que entendam do Oriente Médio ou do assunto abordado. Além disso, não há nenhuma emissora ocidental com correspondentes em países árabes. Todos estão localizados em Tel Aviv, Israel, ou em Jerusalém, que é território ocupado. Ou seja, as notícias saem totalmente distorcidas, infundadas, sem nenhuma análise, nenhum embasamento. Com isso, não se pode formar uma opinião séria  sobre qualquer tema.

*  Hussein Mohamad Taha é formado em Relações Internacionais pela Universidade Tuiuti do Paraná com pós graduação em Geopolítica e Relações Internacionais pela mesma instituição.