Estou combatendo dois inimigos simultaneamente. De forma pacífica, é claro. Por meio da palavra, porque essa é a minha arma.

O primeiro inimigo é o sionismo. Por favor, não confundir sionismo com judaísmo. São duas coisas diferentes. O judaísmo é a religião, a primeira das monoteístas. O Cristianismo e o Islamismo vêm do mesmo tronco abrâmico. Já o sionismo é uma filosofia que contém fundo racista e fascista. É a ideia de se criar um país exclusivamente de judeus. Afirmo aqui, nesse nosso forum, que nem todo judeu é sionista e nem todo sionista é judeu. Existem sionistas cristãos. A maioria dessas igrejas neo-pentecostais formam sionistas cristãos. E por mais paradoxal que possa parecer, existem árabes muçulmanos que são sionistas também, ou seja, simpatizam com a filosofia. Um exemplo é a Arábia Saudita e o Catar.

Outro inimigo igualmente perigoso, ou até mais que o sionismo, é o wahabismo. Esse é perigoso porque está atrás da nossa trincheira e você confunde ele com amigo. O que vem a ser o wahabismo, em resumo? É uma seita muçulmana, do ramo sunita (que os verdadeiros sunitas renegam), criada na hoje Arábia Saudita no século dezoito por um auto-denominado xeique, chamado Mohammad Abdel Wahhab. Esse cara seguiu a linha mais retrógrada dos pensadores muçulmanos (Ibn Taimieh é um deles). O cara foi rejeitado pelo próprio pai e pelo irmão, que chegou a escrever um livro condenado o tal xeique Mohammad Abdel Wahhab.

A tribo da família Saúd se apoiou nessa seita pra dominar toda a Península Arábica. Assaltaram, mataram, condenaram, degolaram e exterminaram outras tribos para se apoderarem do território, apoiados pelos colonizadores ingleses na época, por interesses óbvios.

Quais são os pontos de maior conflito entre o wahabismo e o resto do Islã? Eles dizem que é pecado para a mulher andar sozinha, dirigir, comandar empresa ou qualquer grupo, tem que se cobrir toda – ou seja, usar a burqa, porque só o hijab (lenço na cabeça) não basta, mais modernamente permitem que as mulheres tenham profissões dirigidas às mulheres: tipo, médicas só para mulheres; professoras, só para mulheres etc. Proíbem os fiéis a saudar os cristãos e os judeus em suas datas religiosas, porque, dizem, se o fiel cumprimentar um cristão no Natal, por exemplo, será considerado um herege, igual ao cristão, e poderá ter sua cabeça cortada como punição.

Todo o terrorismo feito no mundo até agora, atribuído, generalizadamente, aos muçulmanos, foram praticados por esta seita. A Arábia Saudita os financia. E são eles que estão destruindo a Síria, destruindo templos cristãos antigos de mais de dois mil anos em Maalula, cidade cristã na Síria, onde ainda hoje se fala o Aramaico, a língua de Jesus. Destroem mesquitas de xiitas e sunitas, matando, degolando, estuprando as mulheres e meninas. De onde vieram? De 87 países muçulmanos e não-muçulmanos. Até do Brasil tem terroristas lá na Síria. Mas majoritariamente são da Arábia Saudita que abriu suas cadeias e mandou os presidiários matar na Síria, com a promessa das fatwas (decretos) dos xeques wahabitas, de que, se esses terroristas fossem mortos, seriam recebidos no Paraíso como mártires por 70 virgens cada um. Seria de rir, se não fosse de chorar.

Então, resumindo, quem o governo sírio está combatendo? Seu povo revoltado? Nada disso. Há mais de cem mil terroristas wahabitas vindos desses 87 países que estão lá. Se a Síria cair nas mãos desses terroristas, que pretendem implantar o wahabismo em todo o Oriente Médio, não só o Islã estará em perigo, mas toda a relação cristã-muçulmana estará em perigo e, por consequência, todo o mundo.

Tenho certeza, entretanto, que a Síria vai sair vitoriosa, para gáudio de todos os povos livres e para a boa convivência entre os mundos muçulmano e cristão.